Eleito pela terceira vez como presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva pediu que sua legenda, o Partido dos Trabalhadores (PT), não apresente nomes para concorrer às presidências da Câmara dos Deputados e do Senado Federal no ano que vem.
A informação foi revelada pelo senador Wellington Dias (PT) na noite de segunda-feira (14) durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura. Nos últimos dias, Lula tem se articulado para a formação de uma base aliada no Congresso.
Na semana passada, por exemplo, o chefe do Executivo eleito se encontrou com Arthur Lira (PP). Durante a campanha eleitoral, o petista e atual presidente da Câmara, que apoiou o presidente Jair Bolsonaro (PL), trocaram farpas. Em dado momento, Lula chegou a comparar o chefe da Casa ao imperador do Japão.
Durante a entrevista, o senador relatou que o pedido de Lula pode parecer “simplório, mas não é”. Isso porque, na visão ele, isso facilitará o diálogo. “Nós temos um presidente do Partido dos Trabalhadores, um vice do Partido Socialista Brasileiro. Então, se você tem na Presidência de uma Casa um outro partido, na outra Casa um outro partido, são líderes que dividem responsabilidade”, explicou.
“A democracia é isso, é você ter uma partilha, não só no desafio da eleição, mas também depois dividir responsabilidade”, completou o senador, que era governador do Piauí e foi eleito pelo estado nas eleições deste ano.
Lula não quer enfrentamento com Arthur Lira
O governo Lula sabe que terá que atuar em conjunto com Arthur Lira e com o Rodrigo Pacheco (PSD), presidente do Senado. No caso do chefe da Câmara, existe o entendimento de que ele não tem nenhum adversário que possa ameaçar, no ano que vem, seu posto na presidência da Casa.
Recentemente, inclusive, o Brasil123 publicou que, segundo Valdo Cruz, jornalista da “Globo News”, Lula já havia deixado claro que seu desejo é que o PT não tenha candidato à Câmara. A avaliação é que o petista não quer repetir o erro cometido pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que tentou derrotar Eduardo Cunha, presidente da Casa durante seu governo. Além de não ter conseguido, a petista acabou sofrendo um impeachment.
De acordo com a Constituição Federal, cabe ao presidente da Câmara dar o pontapé inicial em uma pedido de impedimento. Contra Bolsonaro, por exemplo, foram mais de 100 solicitações para que ele fosse impeachmado. Todavia, nenhuma solicitação saiu da gaveta de Arthur Lira, visto que o atual presidente é seu aliado e não deu prosseguimento às ações.
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