O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o posto de líder temporário do bloco, tendo como prioridades acelerar a adesão oficial da Bolívia ao Mercosul, incluir os setores automotivo e açucareiro no livre comércio entre os países e ampliar a adoção de uma moeda comum para transações comerciais entre os vizinhos.
Durante os discursos dos líderes, abordaram-se questões de interesse comum, como a expansão de acordos comerciais, o uso de uma moeda comum para importações e exportações, e a proteção ambiental nos territórios sul-americanos.
Além disso, foram destacados temas mais desafiadores, como o acordo comercial com a União Europeia, a possível reinserção da Venezuela, suspensa do bloco em 2016, e as queixas do Uruguai, que ameaçam a permanência do país no Mercosul.
As reclamações do Uruguai
No início da cúpula do Mercosul na última segunda-feira (3/7), o chanceler uruguaio, Francisco Bustillo, surpreendeu ao afirmar que seu país pode reconsiderar sua adesão ao bloco. Após participar do primeiro dia do encontro realizado em Puerto Iguazú, ele declarou:
“Ou para modificar o próprio tratado fundador, ou eventualmente considerar a possibilidade de deixar o Mercosul como Estado fundador e tornar-se um Estado associado”.
No dia seguinte, o presidente uruguaio, Luis Alberto Lacalle Pou, defendeu a flexibilização do bloco, sem mencionar a possibilidade mencionada pelo chanceler. Ele afirmou que sua prioridade é avançar com o Mercosul nos acordos comerciais, mas caso isso não seja possível, seu governo considera fazer acordos bilaterais com países como a China.
O governo uruguaio expressou sua insatisfação com a falta de avanço em tratados com outras regiões do mundo e reiterou que não aceitará uma posição de imobilidade, destacando que a balança comercial entre os países sócios é deficitária.
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Sobre a Venezuela voltar ao bloco
No passado, o presidente Lula já havia mencionado a possibilidade de readmitir a Venezuela ao bloco. Logo após o país ter sido suspenso do Mercosul em 2016 devido ao não cumprimento de critérios democráticos. No entanto, durante a cúpula, o presidente uruguaio Lacalle Pou se posicionou contra a volta da Venezuela ao grupo, argumentando que o Mercosul precisa enviar um sinal claro para que o povo venezuelano caminhe em direção a uma democracia plena, que não existe atualmente.
Enquanto Lacalle Pou expressou sua oposição, o presidente argentino Alberto Fernandez e o próprio Lula defenderam a manutenção do diálogo aberto com a Venezuela. Fernandez enfatizou a disposição em enfrentar os problemas democráticos. Por sua vez, Lula enfatizou a necessidade de manter o diálogo e enfrentar os problemas democráticos, sem se esconder deles. Lula disse:
“Com relação à questão da Venezuela, todos os problemas que a gente tiver de democracia, a gente não se esconde deles, a gente enfrenta eles. Não conheço pormenores do problema com a candidata (María Corina Machado) da Venezuela, pretendo conhecer”.
Essas divergências entre os líderes do Mercosul refletem as diferentes posturas em relação à situação da Venezuela. Enquanto alguns defendem uma abordagem mais cautelosa e condicionada à plena democracia. Por outro lado, outros defendem a continuidade do diálogo como uma forma de buscar soluções e promover mudanças no país vizinho. Portanto, a questão continua sendo um ponto de discussão relevante dentro do bloco.
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