A viagem de Lula à China ganha mais um capítulo no cenário político. Depois de anunciar a ida de mais de 200 pessoas em sua comitiva, um dos integrantes anunciados foi Joesley Batista. O empresário ficou famoso por gravar conversas comprometedoras com o ex-presidente Michel Temer. Além disso, de toda a comitiva anunciada, 43 pessoas são ligadas ao setor de carne bovina.
Além de Joesley, o irmão dele, Wesley Batista, também está confirmado na comitiva. O setor do agronegócio está em peso na comitiva de Lula, em uma clara tentativa do presidente em aumentar a integração econômica com os chineses.
A polêmica da comitiva
O presidente Lula anunciou uma comitiva extensa para a viagem à China, que acontecerá entre os dias 26 e 31 de março. Ao todo, mais de 200 pessoas estarão com o presidente no país asiático que, atualmente, é o maior parceiro comercial do país. Segundo especialistas, essa é a viagem mais importante da agenda de Lula neste ano.
Dentre os convidados, o nome de Joesley Batista chamou a atenção. Isso porque ele e o irmão, Wesley Batista, donos da empresa JBS, assinaram um termo de delação premiada com a justiça brasileira. Em julgamento, afirmaram que exerciam influência no BNDES por meio do ex-ministro da Fazenda de Lula, Guido Mantega. Além disso, os empresários afirmaram que pagavam uma propina de 4% sobre o valor de cada contrato com o BNDES, prática considerada ilegal no Brasil.
Em 2020, por decisão do STJ, ambos conseguiram voltar a exercer suas funções executivas na empresa. Agora, fazem parte da comitiva de Lula à China, com o interesse de expandir a influência brasileira na exportação de produtos alimentícios aos chineses.
Além dos empresários, a comitiva também contará com deputados e senadores, incluindo os presidentes das casas, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco.
A viagem do ano para Lula
A comitiva presidencial trata a visita de Lula à China como a principal viagem do ano. Isso porque o país asiático é o principal parceiro comercial do Brasil e pode ser uma fonte extra de investimentos por aqui. Vale lembrar que, recentemente, o presidente brasileiro foi aos Estados Unidos. Contudo, a comitiva não teve a mesma proporção.
Segundo os bastidores de Brasília, uma pauta deve chamar a atenção do mundo. Isso porque a ideia de Lula é oferecer à China a planta da antiga fábrica da Ford, na Bahia. A empresa americana deixou o local, que pode servir de montadora para uma empresa chinesa. Uma possível compra marcaria uma maior influência política e econômica dos chineses no Brasil e na América Latina, algo que é bastante desejado por Xi Jinping, presidente reeleito do país. Além disso, seria a compra de parte de uma montadora americana pelos chineses.
Ainda, investimentos em energia verde devem pautar o encontro. Isso porque o Brasil tem um enorme potencial em gerar energia limpa, ao passo que, nos últimos anos, a China vem comprando empresas brasileiras no setor. Lula quer buscar parcerias para desenvolver novas fontes energéticas no país.