O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi criticado até mesmo no Palácio do Planalto por ter buscado defender o ditador Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, e dizer que o conceito de democracia é relativo. De acordo com informações da jornalista Andreia Sadi, do canal “Globo News”, nesta sexta-feira (30), Lula foi criticado por aliados e assessores classificaram a fala de “amarga”, “uma tristeza” e “totalmente equivocada”.
Ainda conforme a comunicadora, os auxiliares avaliam que Lula precisa tomar cuidado ao querer defender a todo custo o regime da Venezuela. No entanto, Andreia Sadi destaca que ninguém tem coragem de falar isso diretamente com o presidente. Por conta disso, Lula acaba indo contra tudo o que ele falou durante a sua campanha durante as eleições do ano passado.
Na época, ele acusava Bolsonaro de fingir ser um democrata. O pior, relataram assessores, é que o discurso não combina com quem sofreu um atentado golpistas no início do seu mandato. Segundo a jornalista, a frase de Lula gerou mal-estar dentro da sua equipe, mesmo com alguns aliados dizendo que ele defendeu a democracia. “Mas o que acaba tendo destaque é ele falar que a democracia é relativa, quando não é”, comentou um auxiliar.
Durante entrevista à Rádio Gaúcha, Lula se mostrou irritado ao ser questionado sobre a democracia na Venezuela. “O conceito de democracia é relativo para você e para mim. Gosto de democracia porque a democracia me fez chegar à Presidência pela terceira vez. Por isso, gosto de democracia e a exerço na sua plenitude”, afirmou o petista na ocasião. Para aliados, essa tese “é totalmente equivocada e dá munição para seus adversários”.
Assim como publicou o Brasil123, na entrevista, Lula também cometeu uma gafe ao usar o termo “revolução” ao se referir ao golpe militar de 1964. A fala foi feita no momento em que Lula comentava sobre a reforma tributária. Na ocasião, ele foi perguntado por um jornalista da emissora se participaria da articulação política pela pauta com o Congresso Nacional.
“Vai ser a primeira reforma tributária votada no regime democrático. A última reforma tributária nossa foi depois da revolução de 64, e o Haddad está coordenando com maestria, junto com o ministro Padilha, o líder Jaques Wagner, Guimarães e Randolfe”, disse Lula. O termo revolução é frequentemente usado por militares e também pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que é entusiasta declarado da ditadura militar e sempre diz que não existiu golpe de Estado.
Lula, por outro lado, sempre deixou claro que foi contra o golpe. O presidente, inclusive, ganhou projeção nacional naquele período, quando liderou uma reivindicação de reposição salarial – o petista comandou as negociações e greves que começaram a estourar em grande escala, movimentos de massa que contribuíram para o desgaste e o fim da ditadura militar.
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