O ex-presidente Lula inicia na próxima segunda-feira (3) o seu primeiro tour político após o Supremo Tribunal Federal anular suas condenações na Lava-Jato.
Com a decisão, Lula poderá se candidatar nas próximas eleições.
Segundo o jornal O Globo, a agenda do líder petista ainda será fechada durante o fim de semana e a direção do PT tem mantido em sigilo a maior parte dos compromissos.
No entanto, devem ocorrer encontros com o ex-presidente José Sarney, parlamentares e com representantes das embaixadas da Rússia, Reino Unido, Alemanha e Argentina.
Renan fora da lista
Previsto inicialmente, o encontro com o senador Renan Calheiros, relator da CPI da Covid, não deve acontecer.
Por parte do senador, a reunião poderia passar a impressão de uma articulação para usar a Comissão Parlamentar de Inquérito para atacar o presidente Jair Bolsonaro, provável adversário de Lula em 2022.
Apoiadores do presidente poderiam se valer da conversa para tentar desmoralizar Renan nas redes sociais.
Petistas também entendem que o encontro não seria conveniente neste momento.
Lula e Renan mantêm diálogo constante por telefone.
Um apoio do emedebista em 2022 é dado como certo.
Na eleição de 2018, o senador e seu filho, o governador de Alagoas, Renan Filho, se engajaram na candidatura presidencial de Fernando Haddad, apesar de o MDB ter lançado o ex-ministro Henrique Meirelles na disputa pelo Palácio do Planalto.
Tanto Renan como Sarney apoiaram o impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2016, mas logo em seguida retomaram a relação com Lula.
Durante os anos em que esteve no poder, o petista desenvolveu uma relação de amizade com Sarney, que se aposentou da política.
A conversa dos dois na próxima semana deve acontecer dentro desse contexto.
Lula costura outras alianças
O deputado federal Marcelo Freixo e o senador Fabiano Contarato também terão conversas com o ex-presidente.
Freixo articula a sua candidatura ao governo do Rio no ano que vem e quer ter o apoio dos petistas.
Contarato negocia a sua transferência para o Partido dos Trabalhadores e cogita disputar o governo capixaba no ano que vem.
Outro encontro previsto é com Paulinho da Força, presidente nacional do Solidariedade.
Lula quer evitar que as suas conversas com políticos sejam vistas como parte das articulações para a construção da sua candidatura a presidente em 2022.
O líder petista tem enfatizado que não é hora de falar em eleição e, sim, na necessidade de cobrar do governo Bolsonaro a adoção de medidas para combater a pandemia do novo coronavírus e seus efeitos econômicos.
Uma das preocupações de Lula durante o tour em Brasília será demonstrar que tem preocupação com a pandemia.
Por isso, devem ser evitadas reuniões com muitas pessoas e almoços ou jantares.
É uma forma de o ex-presidente se diferenciar de Bolsonaro, que rotineiramente aparece em reuniões sem máscara e em ambientes lotados.
Lula, de 75 anos, tomou a segunda dose da vacina contra o novo coronavírus no dia 3 de abril.
O presidente Bolsonaro ainda não se vacinou e não há previsão para a aplicação da sua primeira dose.