Em sua última reunião com a ministra alemã das relações exteriores Annalena Baerbock nesta quinta-feira (17), no Egito, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, aplaudido pela mídia internacional por sua presença na COP27, deixou o país sem explicar por que viajou no jato empresário José Seripieri Filho, o Júnior, fundador da Qualicorp e dono da QSaúde, envolvido em crimes eleitorais de caixa dois.
Amigos de cerca de dez anos, Lula se encontrou com Seripieri na campanha eleitoral deste ano, e o empresário foi um dos primeiros empresários que o petista aceitou encontrar para discutir suas propostas de governo.
Entrevista cancelada
A coletiva de Lula estava marcada para esta quinta-feira (17), com a imprensa querendo saber quais eram os motivos da viagem realizada através do jato do empresário José Seripieri. No entanto, a entrevista não ocorreu por cancelamento de última hora. Segundo a assessoria de imprensa de Lula, a entrevista foi cancelada devido ao atraso geral da agenda do presidente eleito. Vale destacar que Lula se reuniu no mesmo dia com representantes da sociedade civil brasileira, com o secretário-geral da ONU, António Guterres, e o ministro norueguês do Clima, Espen Barth Eide.
Fala de Lula na COP27
Em seu discurso na COP27, Lula exigiu que os países ricos cumpram os acordos firmados na COP15, como pagar US$ 100 bilhões por ano a partir de 2020 para reduzir os efeitos das mudanças climáticas nos países mais pobres.
“Este compromisso não foi e não está sendo cumprido. Isso nos leva a reforçar, ainda mais, a necessidade de avançarmos em outro tema desta COP 27: precisamos com urgência de mecanismos financeiros para remediar perdas e danos causados em função da mudança do clima”, disse. Como resultado, o presidente eleito propôs a criação de uma “aliança global contra a fome”. Além disso, ele usou a Amazônia como porta de entrada para recuperar a proeminência do Brasil no cenário mundial.
“Não há segurança climática para o mundo sem uma Amazônia protegida. Não mediremos esforços para zerar o desmatamento e a degradação de nossos biomas até 2030, da mesma forma que mais de 130 países se comprometeram ao assinar a Declaração de Líderes de Glasgow sobre Florestas”, disse Lula. “Vamos recriar e fortalecer todas as organizações de fiscalização e monitoramento que foram desmontadas nos últimos 4 anos. Vamos punir com todo rigor os responsáveis por qualquer atividade ilegal, seja garimpo, mineração, extração de madeira ou ocupação agropecuária indevida”, complementou.
Lula em direção a Portugal
Antes de voltar ao Brasil, Lula visitará Portugal na sexta-feira (18), recebido pelo presidente Marcelo Rebelo de Sousa e pelo primeiro-ministro António Costa. Durante o encontro com o líder português, Lula buscará amenizar as divergências entre os países, com os quais o Brasil não realiza cúpula desde 2016. Além disso, o presidente eleito deve pedir ajuda a Portugal para ratificar o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, bloqueado na época pelo parlamento europeu a fim de evitar o enfraquecimento do agronegócio francês e polonês.
Em suma, o atual maior obstáculo de Lula para à ratificação por todos os parlamentos de todos os países envolvidos reside no compromisso do Brasil com a proteção do meio ambiente, especialmente no que se refere ao desmatamento na Amazônia.