Em entrevista concedida ao jornal El País, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou que está convencido de que o ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL) e sua equipe foram os organizadores dos atos golpistas ocorridos no dia 8 de janeiro, em Brasília, quando criminosos invadiram e vandalizaram as sedes dos Três Poderes. Lula disse não ter dúvidas de que Bolsonaro tentou tomar o poder mesmo antes dos atos de vandalismo realizados por seus apoiadores.
“Não tenho dúvidas de que ele tentou dar um golpe. Isso iria acontecer no primeiro dia da minha posse, mas como era muita gente, esperou uma semana”, disse o presidente ao El País. “Temos a convicção de que tudo foi organizado por Bolsonaro e sua equipe. Ele foi indiciado por 34 acusações e mais serão apresentadas especialmente em processos internacionais”, completou.
O presidente, durante a entrevista, lamentou o ocorrido em 8 de janeiro, mas afirma ter convicção de que os envolvidos serão punidos. “Eu vi tudo pela televisão, eles assaltaram o Palácio do Planalto, houve descaso de quem estava fazendo a segurança e entraram no Congresso Nacional, no STF e no palácio. Agora tem gente na cadeia. Procuramos também quem financiou, quem pagou, por exemplo, os ônibus em que os golpistas vieram. O secretário de Segurança de Brasília está preso”, disse Lula, comentando sobre a prisão do bolsonarista Anderson Torres, ex-ministro da Justiça durante o governo Bolsonaro e, secretário de Segurança de Brasília durante até o momento dos atos golpistas.
Lula também comentou sobre outros assuntos em entrevista
Durante a entrevista concedida ao El País, Lula também cobrou por uma “iniciativa de abrir espaço” para o fim da guerra na Ucrânia. “Não podemos agora pensar que a China é culpada do que está acontecendo no mundo. O problema não é só a China, são os Estados Unidos, a França, o Reino Unido… Todos os países que compõem o Conselho de Segurança da ONU devem tomar a iniciativa de abrir espaço”, declarou.
Nesse sentido, o presidente afirmou que ainda não sabe qual é a solução para o conflito, mas acredita que tanto Ucrânia quanto Rússia devam fazer concessões. Para ele, a Rússia deveria ser a primeira a fornecer concessões, interrompendo a invasão e sentando a mesa para negociar. “Temos que convencê-lo [a cessa fogo], porque ele ainda não está convencido. É o dilema, porque muitas vezes a gente começa a guerra e não sabe como parar. Você tem que sentar e conversar”, disse Lula.
“Só quem está de fora pode ajudar a construir uma engenharia capaz de parar esta guerra. Não me pergunte como porque 1º temos que nos sentar à mesa. Cada lado quer vencer e muitas vezes uma guerra não precisa de um vencedor. É só parar, chegar a um acordo e fazer com que todos voltem ao normal”, disse.
Além disso, Lula voltou a comentar sobre a China, elogiando seu empenho em tentar o diálogo entre os envolvidos na guerra. O presidente também comentou que a China não entra em guerra “faz muitos anos” e que pode se tornar a primeira economia do mundo. “Isso é uma demonstração de que somente com muita paz é possível você aproveitar o dinheiro produzido pelo povo para poder gerar emprego e bem-estar social”.