O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que, quando o assunto é o aborto, ele tem duas posições sobre o tema. De acordo com o petista, do lado pessoal, ele é contra a medida, mas, quando o assunto parte para a esfera política, sua posição muda.
Segundo Lula, “como chefe de Estado”, ele pensa que o tema se trata de uma questão de saúde pública e um direito da mulher. A declaração do ex-chefe do Executivo foi dada durante um podcast feito pelo rapper Mano Brown.
Na oportunidade, Lula afirmou que, quando uma pessoa está governando o país, sua opinião pessoal não deveria importar. “Sou católico como ser humano, mas quando você vira chefe de Estado tem que ser todas as religiões”, começou.
“Você não tem que ter preferência enquanto chefe de Estado. É como o aborto”, afirmou ele, que ainda completou dizendo que não tem vergonha de dizer que é contra o aborto.
“Mas, enquanto chefe de Estado, tenho que tratar o assunto como saúde pública. […] O aborto é um direito da mulher e, por isso, é preciso garantir o acesso, a segurança e a dignidade pelo sistema de saúde no Brasil”, afirmou.
O aborto no Brasil
Hoje, o aborto no país só é permitido em alguns casos específicos, como quando a gravidez representa risco à saúde da mãe ou quando a gestação é fruto de um abuso sexual.
Recentemente, a Argentina e o México descriminalizaram o ato e tratam a questão em termos de saúde pública. Para Lula, no Brasil, a inserção das mulheres na política pode ajudar com que o assunto possa ser discutido e as possibilidades ampliadas no próximo anos, assim como nos países citados.
Para o ex-presidente, a questão do aborto ainda é cultural. “A coisa está avançando, mas ainda é difícil mexer com a cultura. Qual era a cultura? Posso falar porque tenho mais idade, a minha cultura antes do PT era a machista, de peão de fábrica”, explicou.
Por fim, ele disse que o tema tende a ser cada vez mais discutido. Isso, de acordo com o ex-chefe do Executivo, porque tem havido uma maior politização das pessoas, especialmente das gerações mais novas, que estão mais preparadas para discutir as pautas políticas contemporâneas.
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