Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente eleito no último dia 30 de outubro após derrotar o atual chefe do Executivo Jair Bolsonaro (PL), criticou nesta quinta-feira (10), a reação do mercado financeiro depois que ele comentou o que acha sobre o teto de gastos e sobre a chama “estabilidade fiscal”. Assim como publicou o Brasil, Lula questionou a necessidade da âncora fiscal e ainda sugeriu que os gastos sociais ficassem de fora do teto de forma permanente.
A declaração aconteceu durante um discurso dele para aliados no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília, sede da equipe de transição. Na ocasião, Lula disse que seu governo, mesmo com o intuito de governar para todos, dará prioridade para “as pessoas mais necessitadas”. Nesse sentido, o petista questionou sobre o porquê de as pessoas serem “levadas a sofrerem por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país”.
“Por que toda hora as pessoas falam que é preciso cortar gasto, que é preciso fazer superávit, que é preciso fazer teto de gasto? Por que as mesmas pessoas que discutem com seriedade o teto de gasto não discutem a questão social deste país? Por que o povo pobre não está na planilha da discussão da macroeconomia? Por que a gente tem meta de inflação e não tem meta de crescimento? Por que a gente não estabelece um novo paradigma de funcionamento neste país?”, questionou Lula.
Com o passar das horas, o mercado mostrou que não gostou da fala do presidente eleito,prova disso é que o índice Bovespa caiu 3,37% e o dólar disparou 4,09%, chegando no final do dia a R$ 5,40, a maior valorização diária desde março de 2020. De acordo com Lula, tal fato mostrou que o mercado está mais “sensível” do que nunca. “Eu nunca vi um mercado tão sensível quanto o nosso. É engraçado que esse mercado não ficou nervoso com quatro anos de [Jair] Bolsonaro”, disse o petista, que volta ao Palácio do Planalto após 12 anos.
Criado em 2016 durante o governo do presidente Michel Temer (MDB), o teto de gastos limita o que o governo pode gastar até 2036. É o teto de gastos que tem dado dor de cabeça à equipe de Lula, que apresentou no Congresso uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) visando poder gastar além do estabelecido em lei para, assim, conseguir cumprir promessas de campanha como um Auxílio Brasil de R$ 600.
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