Nesta sexta-feira (23) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou durante a Cúpula de Paris, que tem como objetivo criar um novo pacto financeiro global, mais precisamente no caso do Brasil, na finalização do acordo comercial entre União Europeia e Mercosul.
Vale destacar que o encontro contou com a participação de mais de 300 entidades públicas, privadas ou não governamentais, incluindo mais de 100 chefes de estado, visando discutir o sistema financeiro internacional e reduzir a desigualdade. Temas como o enfrentamento das mudanças climáticas e a proteção do meio ambiente também foram discutidos no encontro.
Críticas de Lula a ONU
Durante seu pronunciamento na Cúpula da ONU para um Novo Pacto Financeiro Global, o presidente Lula não poupou nem a Organização das Nações Unidas (ONU). Quando se trata de preservar a Amazônia e as condições dos pobres do planeta, o petista afirmou que o órgão “precisa voltar a ter representatividade”.
“Não podemos deixar as instituições funcionando de maneira equivocada. No conselho de segurança da ONU, os estados-membros não representam mais o mundo de 2023. A ONU precisa voltar a ter representatividade, ter força política. Se nós não mudarmos essas instituições, a questão climática vira uma brincadeira”, afirmou Lula na manhã desta sexta-feira (23/6), para líderes do mundo inteiro.
Para o Lula, o que falta é a prática dos acordos internacionais, indicando a pouca força da ONU. “Vamos ser francos: quem é que cumpriu o Protocolo de Kyoto? A Cop15 em Copenhage? O Acordo de Paris? Não se cumpre porque não tem uma governança mundial com força para decidir as coisas e a gente cumprir”, disparou Lula.
Acordo com a União Europeia
Na Cúpula, Lula afirmou que está doido para fazer um acordo com a União Europeia, mas que no momento isso não é possível devido à carta adicional elaborada pela União Europeia. Segundo ele, os acordos internacionais têm que ser mais justo.
Para Lula, o documento encaminhado ao Mercosul seria uma ‘ameaça inaceitável’. No entanto, ele prometeu que o bloco do qual o Brasil faz parte irá responder aos europeus em breve. “Nós vamos fazer a resposta e mandar a resposta, mas é preciso que a gente comece a discutir. Não é possível nós termos uma parceria estratégica e haja uma carta adicional fazendo ameaças a um parceiro estratégico”, criticou então o brasileiro.
A carta adicional mencionada por Lula trata-se de um documento enviado pela União Europeia ao Mercosul que solicita uma série de condições ambientais para os produtos sul-americanos poderem ser comercializados. Além disso, o documento prevê punições para quem desrespeita as regras. Como resultado, as exigências são excessivas e podem criar problemas comerciais para muitos produtos do agronegócio brasileiro.
Comentários sobre a Argentina
Durante sua fala, Lula realizou críticas às instituições financeiras mundiais, especificamente o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional. Na opinião do presidente brasileiro, os dois órgãos deixam “muito a desejar naquilo que o mundo aspira” deles.
“Muitas vezes, os bancos emprestam dinheiro e esse dinheiro emprestado é o resultado da falência do Estado”, apontou. Para explicar sua afirmação, o presidente citou o caso da Argentina. “Da forma mais irresponsável do mundo, o FMI emprestou 44 bilhões de dólares para um senhor que era presidente [referindo-se ao ex-presidente argentino Mauricio Macri]. Não se sabe o que ele fez com o dinheiro, e a Argentina está hoje em uma situação muito difícil porque não tem dólar para pagar o FMI”, afirmou Lula.