O presidente Lula falou ontem, 23, para diversos líderes mundiais em Paris. As falas aconteceram em um evento, organizado pelo governo francês, para discutir um novo pacto financeiro global. No início do discurso, o petista afirmou que havia escrito um discurso, mas que a quantidade de modificações feitas o fez desistir de ler.
Com isso, Lula falou por 20 minutos, de forma ininterrupta. As falas criticaram o atual sistema monetário e financeiro internacional, além de criticar a fraca preocupação dos países desenvolvidos com a fome e a desigualdade. Para especialistas, o discurso foi histórico.
O discurso de Lula em Paris
O presidente Lula falou dois dias consecutivos em Paris. No primeiro dia, na quinta-feira (22), o petista afirmou que países desenvolvidos possuem uma “dívida histórica” com o planeta, por conta da forte poluição causada pela Revolução Industrial. A fala, que foi acompanhada por milhares de pessoas, foi o primeiro grande momento do presidente brasileiro no encontro.
Isso porque ontem o presidente teve ainda mais notoriedade. Em meio a todos os chefes de Estado presentes, o brasileiro improvisou e falou, de forma ininterrupta, por 20 minutos. O discurso, tido como histórico, criticou a atual divisão do mundo e mexeu em questões complexas na geopolítica mundial.
Em suas falas, Lula discursou sobre o desmatamento. Ao falar que a Amazônia brasileira tem grandes dimensões, ele se comprometeu a acabar com o desmatamento no país até 2030. Ainda, disse que pretende transformar a floresta em um “patrimônio não apenas de preservação ambiental, mas um patrimônio econômico, para ajudar os povos que moram na floresta“.
Além disso, na abordagem das mudanças climáticas, Lula ressaltou que a matriz energética brasileira é uma das mais limpas do mundo, e ressaltou que as outras nações precisam dar mais ênfase ao assunto. Além do clima, Lula fez duras críticas aos países desenvolvidos.
Fome, desigualdade e geopolítica internacional
A questão climática foi apenas uma parte do discurso do presidente. Isso porque, posteriormente, Lula criticou abertamente o acordo entre Mercosul e União Europeia, falou que os países mais ricos precisam ajudar a acabar com a fome no mundo, além de fazer duras críticas ao FMI e ao Banco Mundial, instituições comandadas pelos países ricos.
“Faz pelo menos 20 anos que ouço a FAO falar que nós temos 900 milhões de seres humanos que vão dormir todos os dias com fome. Como nós vamos resolver isso se nós não discutirmos isso? Como é que a gente vai resolver esse problema da desigualdade se a gente não discute a desigualdade?“, disse Lula.
Além disso, Lula disse que “o Banco Mundial deixa muito a desejar naquilo que o mundo aspira do Banco Mundial. Vamos deixar claro que o FMI deixa muito a desejar naquilo que as pessoas esperam do FMI”, criticando a atuação dos bancos multilaterais, que emprestam valores de forma irresponsável para os países, segundo ele. Ele exemplificou relembrando o caso da Argentina.
No fim de seu discurso, Lula disse que é preciso “rever o funcionamento” desses órgãos, para que eles atendam mais países de forma mais justa. Ao fim das falas, o presidente foi bastante aplaudido pelos presentes.