O general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, que chefiava o comando militar do Planalto no dia 08 de janeiro, data em que apoiadores do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes – Supremo Tribunal Federal (STF), Congresso Nacional e Palácio do Planalto -, prestou depoimento nesta quarta-feira (12) à Polícia Federal (PF).
STF marca julgamentos de denunciados por atos golpistas
Na ocasião, segundo informações do portal “G1”, ele afirmou que sugeriu, no dia dos acontecimentos, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que não fossem feitas prisões no acampamento golpista naquela noite – ele afirma que Lula concordou. Durante o depoimento, Gustavo Dutra disse que a sugestão a Lula aconteceu porque ele temia um cenário de guerra, com confronto e pessoas feridas.
Na manhã do dia seguinte, isto é, no 09 de janeiro, o acampamento foi desfeito e a polícia prendeu suspeitos de terem participado dos atos golpistas. Para os investigadores da Polícia Federal, essa decisão de deixar a operação para a manhã seguinte permitiu que alguns vândalos fugissem durante a noite. Em nota, a Presidência da República afirmou que Lula, que está em viagem oficial na China, não comentará o caso.
Depoimento de militares
Nesta quarta, a Polícia Federal montou uma força-tarefa em Brasília com o objetivo de tomar depoimento de inúmeros militares suspeitos de omissão durante os atos de 08 de janeiro. Essa é uma das maiores investigações que envolvem integrantes das Forças Armadas conduzidas por tribunais civis desde a redemocratização brasileira.
Ao todo, nesta quarta, foram 94 militares ouvidos, sendo dois generais. Um dos focos da investigação foi o general Gustavo Dutra, que como citado, é acusado de ter sido o responsável por ter abortado uma ordem para prender suspeitos de terem participado dos atos – essa ordem havia sido dada pelo então interventor, Ricardo Cappelli, que ordenou a prisão de pessoas que voltaram para o acampamento que reunia negacionistas eleitorais no QG do Exército.
Durante a manhã, 49 militares prestaram depoimento – outros 45 foram ouvidos no período da tarde. Esses depoimentos foram acompanhados por promotores e procuradores do Grupo Estratégico, criado pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, para acompanhar esse e outros casos relativos aos ataques, conforme uma fonte da PGR.
Conforme explica a agência, a investigação de militares por conta do caso começou a deslanchar no mês passado. Isso, depois que Alexandre de Moraes, ministro do STF, decidiu que cabe, sim, à Corte, investigar e julgar militares pelos atos violentos em Brasília e não à Justiça Militar.
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