O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cometeu uma gafe nesta quinta-feira (29) ao usar o termo “revolução” ao se referir ao golpe militar de 1964. A declaração do petista foi feita durante uma entrevista dele à “Rádio Gaúcha”. A fala foi feita no momento em que Lula comentava sobre a reforma tributária. Na ocasião, ele foi perguntado por um jornalista da emissora se participaria da articulação política pela pauta com o Congresso Nacional.
“Vai ser a primeira reforma tributária votada no regime democrático. A última reforma tributária nossa foi depois da revolução de 64, e o Haddad está coordenando com maestria, junto com o ministro Padilha, o líder Jaques Wagner, Guimarães e Randolfe”, disse Lula.
O termo revolução é frequentemente usado por militares e também pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que é entusiasta declarado da ditadura militar e sempre diz que não existiu golpe de Estado. Lula, por outro lado, sempre deixou claro que foi contra o golpe. O presidente, inclusive, ganhou projeção nacional naquele período, quando liderou uma reivindicação de reposição salarial – o petista comandou as negociações e greves que começaram a estourar em grande escala, movimentos de massa que contribuíram para o desgaste e o fim da ditadura militar.
Críticas de Lula à taxa de juros
Assim como publicou o Brasil123, durante a entrevista, Lula voltou a criticar a taxa de juros fixada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC). Sem citar o nome do presidente da instituição, Roberto Campos Neto, afirmou que a entidade tem um “cidadão que não entende nada de povo”.
“Você tem um cidadão que me parece que não entende absolutamente nada de país, não entende nada de povo”, começou Lula. Segundo ele, a instituição tem um “indivíduo” que “não tem sentimento com o sofrimento do povo”. “Mantém uma taxa de juros para atender os interesses de quem? A quem que esse cidadão está servindo neste momento?”, questionou na oportunidade o chefe do Executivo.
Durante a entrevista, Lula também afirmou que “esse cidadão vai ter que pensar” e que o Senado Federal terá de “ver como lida com ele”. “Se esse cidadão cumprir com suas funções tais quais foram aprovadas pelo Senado, ótimo. Eu pouco me preocupo que seja autônomo, ou não, o Banco Central. Eu quero é que ele funcione”, afirmou o presidente que, em outro momento, disse que, em sua visão, não existe explicação para que a taxa de juros continue no patamar atual, que é de 13,75% ao ano, pois, segundo o presidente da República, “não há inflação de demanda” no país.