Na cúpula com os chefes de Estado sul-americanos, que acontecerá no dia seguinte (31), em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defenderá a criação de um mecanismo de integração com todos os 12 países. Vale destacar que, com exceção da presidente do Peru, Dina Boluarte, com limitações constitucionais, todos os 11 presidentes da foram confirmados e irão viajar à capital federal para participar da cúpula.
Planos do governo brasileiro
O encontro com os líderes sul-americanos acontecerá no Palácio do Itamaraty, sede diplomática do Brasil, seguido de jantar na residência oficial de Lula, o Palácio da Alvorada. Desde que assumiu o cargo, o presidente brasileiro afirmou que uma de suas principais prioridades no cenário internacional é retomar o processo de integração dos países sul-americanos.
No início de abril, Lula assinou um decreto declarando oficialmente o retorno do Brasil à Unasul (União das Nações Sul-Americanas), após a saída do país durante o governo de Jair Bolsonaro. O governo anterior considerava a Unasul um bloco de países de esquerda e como resultado, participou da articulação da Colômbia e do Chile para a criação do Prosul, fórum dos países de direita.
Sobre a cúpula
Segundo a embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty, a reunião de terça-feira (30), deve durar um dia inteiro e será dividida em duas partes sem muita formalidade diplomática, uma espécie de “retiro” para Lula e os demais presidentes.
“Será um encontro bem restrito, sem grandes rituais, uma troca de ideias sobre questões relativas à integração”, explicou a diplomata, ao informar que cada líder terá como companhia apenas o chanceler de seu país e dois assessores.
Além disso, segundo o Ministério das Relações Exteriores, a medida planeja fazer com que o Lula ratifique o seu compromisso com a consolidação da América do Sul como zona de paz e cooperação, em linha com o preceito constitucional de promoção da integração regional.
“A revitalização e a atualização da Unasul serão processos de construção coletiva, a serem levados adiante por meio de diálogo entre todos os países da região.”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores.
Possibilidades e dificuldades
De acordo com a secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty, é possível, mesmo sem uma entidade representativa, abrir “imediatamente” uma agenda “concreta de iniciativas de cooperação”. Além disso, Gisela Padovan elencou as áreas de saúde, infraestrutura, energia, meio ambiente, mudanças climáticas e combate ao crime organizado como exemplos que podem dar início ao diálogo de Lula com os demais líderes.
Apesar disso, a secretária comentou sobre as diferenças políticas que bloquearam o diálogo continental nos últimos anos, reconhecendo as dificuldades que o governo Lula pode enfrentar. “Nós temos a consciência de que há diferenças de visão entre os vários países, diferenças ideológica, e, por isso mesmo, consideramos um começo: que os países se sentem à mesa e dialoguem, busquem pontos em comum para retomar esse movimento tão importante.”