O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), expressou na noite desta quarta-feira (31) uma “insatisfação generalizada” da Câmara em relação à articulação política do governo. Além disso, ele ressaltou que, se a medida provisória (MP) de reorganização dos ministérios não for aprovada, a responsabilidade não deve recair sobre a Câmara, mas sim sobre a falta de negociação do governo.
Contudo, a MP perderá a validade à meia-noite de quinta-feira (1º) para sexta-feira (2). Caso não seja aprovada pela Câmara e pelo Senado até lá. Nesse sentido, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva perderá ministérios, voltando à mesma estrutura da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Afinal, a MP estava na pauta do Congresso na terça-feira, mas a votação foi adiada. Ao chegar ao Congresso, Lira efetuou as declarações e seguiu para a Câmara. Com isso, descartando um possível encontro com o presidente Lula no Palácio do Planalto.
Insatisfação parlamentar gera impasse na votação da MP
Lira afirmou que a insatisfação dos deputados, e talvez dos senadores, que ainda não se posicionaram, é resultado da falta de articulação política do governo. Ou seja, não de um ou outro ministro isoladamente. Ainda assim, os parlamentares têm reclamado da lentidão na liberação de emendas parlamentares e de cargos no governo. Bem como, foi somente na terça-feira, dia em que a MP seria votada, o governo liberou R$ 1,7 bilhão em emendas.
Posteriormente, o presidente da Câmara informou que se reunirá com líderes partidários para avaliar a situação e verificar a viabilidade da votação. Dessa forma, segundo ele, se não houver votos suficientes para aprovação, o texto não será analisado.
Assim, Lira também argumentou que o relator da MP, deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL), recebeu críticas isoladas pelo parecer apresentado. Nesse sentido, para ele, não foi justo que o relator tenha sido criticado sem defesa por parte daqueles que participaram do acordo, insinuando falta de solidariedade do governo.
Falta de organização política do governo, destaca Lira
O relatório do deputado, Bulhões modificou a MP e retirou poderes dos ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas. Nesse sentido, Lira destacou que, se não houver votos suficientes, não seria justo derrubar o relatório. Porém, ele enfatizou que, caso a MP não seja aprovada, a responsabilidade não deve ser atribuída à Câmara, mas sim à falta de organização política do governo.
Ainda assim, em uma ligação telefônica nesta manhã, Lira afirmou que explicou ao presidente Lula as dificuldades do governo causadas pela falta ou ausência de articulação política. Contudo, o presidente da Câmara também ressaltou que a Casa está fazendo um esforço “sobre-humano” para que os projetos de interesse do governo avancem. Além disso, ele mencionou que o governo conta com 130 votos no plenário da Câmara.
Em resumo, o presidente da Câmara, Arthur Lira, expressou a insatisfação dos deputados em relação à articulação política do governo e deixou claro a responsabilidade pela eventual não aprovação da medida provisória.
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