Nesta última segunda-feira (12), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse que seu “combustível pessoal está terminando com uma base que não se sente base”. O deputado também disse que, no entanto, não realizará nenhum tipo de votação que venha a inquietar o país. “O governo tem de se preparar para conviver com quem pensa diferente e dialogar com que pensa diferente”, apontou. “O Congresso não é um Congresso que foi eleito progressista de esquerda. É um Congresso reformador, liberal, conservador, que tem posicionamentos próprios”, argumentou Lira.
Ainda, de acordo com Lira, o desenho da Esplanada dos Ministérios, realizado durante a transição dos governos, não teve o rendimento esperado pelo governo Lula. “No governo atual, o presidente Lula optou por fazer na transição um desenho da sua Esplanada dos Ministérios”, disse o presidente da Câmara. “Não há uma linha, um senão, que a Câmara tenha imposto ao governo em matérias essenciais de Estado”, completou.
O presidente da Câmara dos Deputados vem cobrando do governo federal, de forma recorrente, maior articulação política e vem fazendo uma série de exigências públicas. Ele utiliza como base o argumento de que o Planalto, hoje, não possui votos suficientes para aprovar medidas de interesse sem a sua influência. Atualmente, o governo possui de forma assegurada cerca de 130 das 513 cadeiras no plenário, embora a base de partidos aliados que integram o governo seja maior.
Para Lira, ministérios não tiveram rendimento esperado pelo governo
Lira se enxerga como um “facilitador”, mas que não pode se comprometer com a aprovação de projetos. Na sua visão, quem precisa garantir a construção da maioria no Congresso Nacional é o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e não ele. “O governo terá que construir sua maioria, não sou eu […] Eu tenho sido um facilitador”, disse Lira em entrevista a GloboNews.
Em sua opinião, a composição dos ministérios do governo federal “não teve o rendimento esperado”. “Cada governo escolhe como fazer a composição da sua base. O presidente Lula optou por fazer um desenho da sua Esplanada dos Ministérios, e esse desenho não teve o rendimento esperado por parte do governo”, disse Lira.
A MP 1154/2023, medida provisória que trata da reestruturação dos ministérios do governo na Câmara dos Deputados foi aprovada após Lula ter se envolvido pessoalmente nas negociações, conversando com líderes dos partidos e Arthur Lira. Para que a MP fosse aprovada, o Planalto empenhou R$1,7 bilhão em emendar parlamentares.
No entanto, houve uma insatisfação generalizada na casa antes da votação da MP. Segundo Lira, o problema não está na Câmara, mas sim no governo. “O problema não é da Câmara, não é do Congresso. O problema está no governo, na falta ou na ausência de articulação”, apontou o presidente da Câmara. “Há uma insatisfação generalizada dos deputados e talvez dos senadores com a falta de articulação política do governo, não de um ou de outro ministro”, completou.