O Reino Unido decidiu, nesta segunda-feira (4), que Julian Assange não deve ser extraditado para os Estados Unidos para enfrentar acusações de espionagem. O ativista australiano ficou famoso após divulgar mais de 250 mil documentos da diplomacia americana no portal criado por ele, o WikiLeaks.
De acordo com a mídia internacional, a juíza distrital Vanessa Baraitser sustentou muitos dos argumentos dos advogados que representam os EUA. Contudo, acabou sendo favorável a Julian Assange devido a preocupações com sua saúde mental.
O homem de 49 anos teria experimentado pensamentos suicidas enquanto estava detido na prisão de Belmarsh, em Londres. Ele foi diagnosticado com transtorno do espectro do autismo e depressão.
A juíza disse que aceitou o laudo médico e acrescentou que Assange correria um risco real se extraditado para cumprir pena em confinamento solitário nos EUA. Ela também observou que Julian Assange tinha “o intelecto e a determinação” para contornar as medidas de proteção contra o suicídio.
É importante ressaltar que a juíza britânica não decidiu se Assange é culpado do delito. A função dela foi decidir se o pedido de extradição dos Estados Unidos atende aos requisitos estabelecidos em um tratado de 2003 com o Reino Unido. Ou seja, se o suposto crime pelo qual Julian Assange é acusado poderia também levar a julgamento na Grã-Bretanha, caso ele tivesse cometido isso lá.
Os EUA agora têm 14 dias para entrar com recurso sobre a decisão da juíza Baraitser.
Quem é Julian Assange
A decisão de segunda-feira marca o fim do mais recente obstáculo na busca pela liberdade de uma década do australiano.
O fundador do WikiLeaks enfrenta acusações de conspiração por hackear computadores do governo americano. Além disso, pode responder por violar a Lei de Espionagem do país ao obter e divulgar documentos confidenciais em 2010 e 2011. Ao todo, são 18 acusações contra Julian Assange.
Em 2012, Assange mudou-se para a embaixada do Equador em Londres para escapar da fiança de outro pedido de extradição. Desta vez, relacionado a uma acusação de estupro na Suécia.
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Quase sete anos depois, Julian Assange foi despejado da embaixada e levado para a prisão londrina de Belmarsh, em abril de 2019, e é onde permanece até hoje. A Suécia desistiu do caso de estupro em novembro de 2019.