Nesta terça-feira (9), a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou que, enquanto o governo não conseguir estabilizar a dívida pública, “ou sinalizar nesse sentido”, não será possível que o Banco Central diminua a taxa de juros no Brasil.
A afirmação foi feita em audiência pública da Comissão de Serviços de Infraestruturas e da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo, na qual Tebet foi convidada a discutir o planejamento e as projeções orçamentárias para o desenvolvimento urbano e apresentar as ações para os próximos anos.
Declarações de Simone Tebet
Em seu discurso, a ministra falou, entre outras coisas, sobre os objetivos do projeto do novo arcabouço fiscal e disse que uma das funções das novas regras é ajudar a estabilizar a dívida pública brasileira, fundamental para a redução dos juros.
“Enquanto nós não estabelecermos a dívida, não sinalizarmos nesse sentido, com o arcabouço fiscal, nós não conseguimos baixar os juros no Brasil. Sem baixar juros, nós não temos condição de crescer. O setor produtivo não consegue pegar crédito com juros de 13,75%, consequentemente, não consegue abrir mais portas nem gerar emprego e renda”, declarou.
Além disso, Tebet voltou a comentar sobre o arcabouço fiscal e o trabalho do relator, Claudio Cajado (PP-BA). “A espinha dorsal está sendo preservada e isso é importante. Aí é a vontade do Congresso em fazer as alterações. O objetivo é transmitir credibilidade à política fiscal”, disse.
Inflação de abril
Na audiência, Simone Tebet antecipou que os números da inflação a serem divulgados nesta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) irão surpreender positivamente.
“A taxa de inflação continua em trajetória de desaceleração. Amanhã [10] teremos uma surpresa, inclusive. Sairá o valor da inflação um pouquinho menor do que o que está na expectativa”, disse a ministra sobre o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril.
Vale destacar que, em 2021, o país registrou uma inflação de 10% e de 5,8% em 2022. A estimativa oficial é de 5,3% este ano, de 3,5% em 2024 e 3% ao ano a partir de 2025. A estimativa encontra-se superior ao teto da meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), sendo de 3,25% para 2023, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais, ou para menos.
Dessa forma, o BC cogita manter rigorosa a política monetária. Em suma, o patamar atual da Selic recebe críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Assim, Tebet e o restante do governo querem usar a desaceleração da economia como motivo para pressionar o Banco Central a reduzir as taxas de juros.