Pela primeira vez neste ano, a taxa média de juros nas concessões de crédito livre registrou uma queda, passando de 45,4% para 44,6% ao ano em junho, uma redução de 0,8 ponto percentual (pp) no mês. No entanto, ao considerarmos o período de 12 meses, os juros médios apresentaram um aumento de 5,6 pontos percentuais, de acordo com o relatório Estatísticas Monetárias e de Crédito divulgado pelo Banco Central (BC) nesta quinta-feira (27) em Brasília.
No que diz respeito às novas contratações para empresas, a taxa média de crédito ficou em 23,1% ao ano, representando uma queda de 0,7 pp no mês, mas com um aumento de 0,5 pp em 12 meses. Já nas contratações com as famílias, a taxa média de juros atingiu 59,1% ao ano, apresentando uma redução de 0,8 pp no mês, porém com um aumento de 7,6 pp em 12 meses.
Vale lembrar que no crédito livre, os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes. Por outro lado, o crédito direcionado, que é destinado principalmente aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito, possui regras definidas pelo governo.
No que se refere ao crédito direcionado, a taxa de juros para pessoas físicas ficou em 12% ao ano em junho, apresentando uma pequena variação negativa de 0,1 pp em relação ao mês anterior, mas com um aumento de 1,6 pp em 12 meses. Para as empresas, a taxa caiu 1,4 pp no mês e teve uma variação positiva de 0,1 pp em 12 meses, totalizando 11,9% ao ano. Dessa forma, a taxa média no crédito direcionado ficou em 12% ao ano, com uma redução de 0,4 pp no mês, porém com um aumento de 1,3 pp em 12 meses.
Juros médios bancários
O comportamento das taxas de juros bancários médios ocorre em um momento em que o mercado financeiro espera uma redução da taxa básica de juros da economia, a Selic, que está em seu maior nível desde janeiro de 2017, em 13,75% ao ano, conforme definido pelo Comitê de Política Monetária (Copom).
Em resposta à alta dos preços de alimentos, energia e combustíveis, o Banco Central (BC) iniciou um ciclo de aperto monetário em março de 2021. No entanto, agora, na próxima reunião do Copom nos dias 1º e 2 de agosto, o mercado espera uma redução de pelo menos 0,25 ponto percentual na Selic, levando-a para 12% até o fim do ano.
Em decorrência dessa expectativa de redução da Selic, a taxa de captação dos bancos, ou seja, o custo do crédito para eles, vem diminuindo. Em junho, essa taxa chegou a 11,5%, após apresentar quedas desde abril.
Taxa Selic
A Selic é o principal instrumento utilizado pelo BC para alcançar a meta de inflação. Em junho, o país registrou deflação, ou seja, houve um recuo nos preços em comparação com maio. O índice oficial de inflação, o IPCA, ficou negativo em 0,08%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse foi o quarto mês consecutivo em que a inflação perdeu força, após ter sido de 0,23% em maio.
No acumulado do ano, o IPCA somou 2,87%, e nos últimos 12 meses, alcançou 3,16%, abaixo dos 3,94% observados nos 12 meses anteriores. Essa tendência de queda na inflação vem sendo apresentada desde junho de 2022, quando o índice estava em 11,89%.
Apesar da inflação em baixa, a decisão do governo federal de manter a Selic é alvo de críticas, pois os efeitos do aperto monetário são sentidos no encarecimento do crédito e na desaceleração da economia.
A ata da última reunião do Copom, realizada em junho, informa que a “avaliação predominante” dos membros do colegiado foi de uma expectativa de maior confiança em uma redução da taxa de juros a partir de agosto.
A elevação da taxa básica de juros ajuda a controlar a inflação, uma vez que tem reflexos nos preços. Juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança, o que contribui para conter a demanda aquecida.
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Juros médios dos cartões de crédito
As taxas de juros do cartão de crédito para pessoas físicas passaram por um cenário misto. No último mês, houve uma redução significativa de 1,8 ponto percentual (pp), mas em um período de 12 meses, as taxas apresentaram um expressivo aumento de 25,5 pp, chegando a 104,2% ao ano.
No que se refere ao crédito rotativo, que é utilizado quando o consumidor paga um valor menor do que o total da fatura do cartão e possui uma duração de 30 dias, houve uma queda de 16,7 pp entre maio e junho, mas, em 12 meses, as taxas ainda tiveram um aumento significativo de 66,9 pp, atingindo 437,3% ao ano. Após o período de 30 dias, as instituições financeiras parcelam a dívida. Nesse caso, nos cartões parcelados, os juros subiram 1,9 pp no mês e registraram uma alta de 22,9 pp em 12 meses, chegando a 196,1% ao ano.
No que diz respeito ao cheque especial, as taxas apresentaram uma alta de 2,9 pp no mês e de 4,4 pp em 12 meses, totalizando 133,6% ao ano.
Quanto ao crédito consignado, houve um aumento de 0,1 pp no mês e de 1,2 pp em 12 meses, atingindo 25,9% ao ano. Já no caso do crédito pessoal não consignado, as taxas de juros apresentaram uma pequena queda de 0,3 pp no mês de junho, mas ainda assim, registraram um crescimento de 3,8 pp em 12 meses, chegando a 91,2% ao ano.
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Novas contratações
A manutenção dos juros em patamares elevados, resultado do aperto monetário, aliada à desaceleração da economia, contribuiu para uma diminuição no crédito bancário, especialmente para as famílias. No último mês, as concessões de crédito para pessoas físicas registraram uma queda de 2,1%, enquanto para as empresas houve um incremento de 9,1%.
Em junho, o estoque total de empréstimos concedidos pelos bancos do Sistema Financeiro Nacional (SFN) atingiu R$ 5,401 trilhões, apresentando um aumento positivo de 0,1% em relação a maio. Esse resultado se deve ao crescimento de 1% no saldo das operações de crédito com pessoas jurídicas, totalizando R$ 2,112 trilhões, enquanto o crédito concedido a pessoas físicas registrou uma redução de 0,4%, atingindo R$ 3,289 trilhões.
Na comparação interanual, ou seja, em relação ao mesmo mês do ano anterior, o crédito total cresceu 8,9% em junho, evidenciando uma desaceleração em relação aos 10,6% observados em maio. No mesmo período, o saldo de crédito com empresas desacelerou para 3,5%, em comparação com os 4,5% registrados em maio, e o volume de crédito concedido às famílias passou de um crescimento de 14,6% em maio para 12,8% no mês passado.
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