Os juros do cartão de crédito bateram recorde em março, atingindo o maior patamar em 6 anos. Os dados divulgados pelo Banco Central mostram que, em média, os juros do rotativo atingiram 430,5% ao ano, sendo a pior dívida que um brasileiro pode adquirir. O resultado colabora com a ideia do Governo Federal de negociar, com os bancos, um limite para essa operação.
Esse é o maior parcentual desde 2017, quando o juros do rotativo do cartão de crédito atingiram a marca de 490,3% ao ano. Para especialistas, alguns dados colaboram para o aumento nos juros cobrados pelos bancos brasileiros.
Cartão de crédito fica pesado no bolso do consumidor
O atraso da fatura do cartão de crédito vem ficando cada vez mais pesado no bolso do consumidor. Dados do Banco Central mostram que uma fatura de R$ 100 atrasada por 12 meses pode se tornar uma dívida de R$ 530,5. Para quem ficar devendo R$ 1.000, a dívida salta para R$ 5.305 no mesmo período. Considerados “abusivos” pelo governo, os juros são a consequência de outros problemas.
Isso porque a alta taxa de juros da economia fez com que a inadimplência ficasse alta. Quando os juros sobem, as taxas cobradas por atrasos também ficam maiores, encarecendo a vida do consumidor. Além disso, a inflação ainda segue alta no setor dos alimentos, que é um dos que mais pesa no bolso dos brasileiros. Com o orçamento apertado, muitas pessoas têm dificuldade em fechar as contas no final do mês.
Além disso, o rotativo do cartão de crédito teve um aumento significativo em um mês. Em fevereiro, a modalidade fechou na média de 417,4% ao ano. Agora, o valor subiu para 430,5% ao ano. Por isso, especialistas alertam que o cartão de crédito precisa ser utilizado com cuidado. Além disso, se o consumidor tiver medo de ficar devendo para o banco nessa modalidade ou entender que não conseguirá pagar a fatura, a melhor ideia é buscar outras formas de empréstimo e deixar de usar essa forma de pagamento o quanto antes.
Governo negocia redução do rotativo
Recentemente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o governo pretende negociar com os bancos uma alíquota máxima para o rotativo. Atualmente, as taxas mensais ficam em torno de 24% ao mês. A ideia é fixar um valor máximo de 8% ao mês, segundo estudos preliminares. Contudo, essa medida geraria o mesmo problema que o do consignado do INSS: bancos poderia parar de oferecer a modalidade.
Isso porque apenas 8 bancos no país atuam com taxas menores que 8% ao mês. Desses, apenas três estão entre os mais conhecidos do país: Banco Bari, Daycoval e XP. Isso quer dizer que os grandes bancos do país, responsáveis pela maioria desses empréstimos, ficariam insatisfeitos com a medida, caso o rotativo do cartão de crédito fosse diminuído.
Em nota, a Febraban, entidade que representa os bancos, disse que limitar os juros poderia fazer com que o parcelamento sem juros, muito comum no Brasil, acabasse. Ainda, as instituições afirmam que apenas 5% dos usuários de cartão de crédito pagam juros aos bancos, um percentual que consideram baixo.