Diversas estatísticas monetárias e de crédito foram divulgadas na manhã desta terça-feira (30) pelo Banco Central. Através dela, podemos perceber como os juros do cartão de crédito atingiram 447% ao ano em abril. Esse foi o maior valor dos últimos seis anos. Dessa forma, esse índice acabou confirmando o aumento constante que vem acontecendo desde dezembro de 2020. Assim, a alta foi de 14,4 pontos em relação a março e de 83,7 pontos em relação a 12 meses.
Por que os juros do cartão de crédito estão tão altos?
Em relação ao motivo desse aumento considerável dos juros do cartão de crédito, alguns motivos podem ser apontados. Em primeiro lugar, é interessante entender que o rotativo é a modalidade mais cara do mercado financeiro. Além disso, ela é geralmente utilizada pelos usuários de cartão de crédito que não conseguem pagar a fatura por completo. Dessa forma, eles acabam optando pelo pagamento mínimo, o que gera muito juros sobre juros.
Outro dado interessante tem relação com a taxa média de juros das novas contratações de crédito. Nesse caso, ela atingiu 32,2% ao ano em abril, com incrementos de 0,4 ponto no mês e de 4,4 ponto comparativamente a abril do ano passado. Além disso, a diferença entre o valor que as instituições bancárias pagam pelo dinheiro e o valor que cobram nas operações de crédito – intitulada spreed bancário – alcançou 21,9 pontos, aumento de 0,8 ponto no mês e de 4,3 pontos em doze meses.
Ainda de acordo cos os dados do Banco Central, podemos notar que a taxa média de juros das operações de crédito com recursos livres aumentou. Dessa forma, ela atingiu 45,1% em abril ante 44,3% ao ano em março. Para completar, no acumulado de 12 meses, a elevação é de 7,2 pontos percentuais. Vale ressaltar que essas operações com recursos livres não incluem o crédito rural, habitacional e linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES).
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Contratações de crédito
Em relação à contratação de crédito, no caso de saldo de crédito a pessoas físicas, foi somado um valor de R$ 1,8 trilhão em abril. Isso representa uma expansão de 0,3% no mês e de 13,9% em doze meses. Como justificativa para esse auemnto, é possível apontar os incrementos nas carteiras de crédito pessoal não consignado (+1,8%), crédito pessoal consignado para trabalhadores do setor público (+0,6%) e crédito pessoal consignado para aposentados e pensionistas do INSS (+0,9%). Entretanto, foi possível notar uma redução de 1,5% na carteira de cartão de crédito à vista.
Já no caso das contratações das empresas, os juros médios alcançaram 23,9% o ano, queda de 0,2 ponto e incremento de 1,5 ponto em doze meses. Da mesma maneira, em contratações realizadas com pessoas físicas, os juros médios registraram elevação mensal de 1,1 ponto e de 9,8 pontos em doze meses, atingindo 59,7% ao ano.
Para completar, o Indicador de Custo do Crédito (ICC) subiu para 22,4% ao ano, alta de 0,3 ponto no mês e de 2,5 pontos em 12 meses. Esse é o índice que mede o custo médio de todo o crédito do sistema financeiro nacional.
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Taxa de inadimplência
Esse mesmo estudo do Banco Central divulgou alguns índices sobre a inadimplência no país. Assim, a inadimplência da carteira de crédito total aumentou 0,1 ponto em abril, para 3,4%. No caso das pessoas jurídicas, a inadimplência aumentou 0,2 ponto no mês e 0,8 ponto em doze meses, atingindo 2,3%. Entretanto, na carteira de pessoas físicas, a inadimplência subiu 0,2 ponto no mês e 0,7 pontos em doze meses, para 4,2%.
De uma maneira geral, isso representa que o endividamento das famílias atingiu 48,5% em abril. Além disso, o comprometimento de renda aumentou 0,3 ponto no mês e 1,6 ponto em doze meses, para 27,7%. Esses são números preocupantes, pois indicam novas pessoas adentrando a faixa de superendividados.
Superendividados são aqueles que não conseguem arcar com as suas dívidas sem comprometer o orçamento das suas necessidades básicas. Para esses casos, existe uma lei que pode ajudar. Sendo assim, a Lei dos Superendividados foi criada para que essas pessoas não precisem comprometer pagamentos como os das contas de luz, água, gás, aluguel e despesas relacionadas à alimentação.
Essa lei pode permitir a desistência do pagamento de empréstimo consignado. Além disso, também proíbe o assédio para oferta de crédito, em especial para os idosos e analfabetos. Para a oferta de crédito, foi estabelecido um valor mínimo existencial, que deve estar presente em todos os acordos de renegociação da dívida em questão.
Para completar, há também uma questão especial que trata da prevenção e da proteção das pessoas superendividadas. Sendo assim, essa Lei também busca evitar o superendividamento por meio da educação econômica.
Alta nos juros do cartão de crédito e o número de operações
Mesmo com essa notória alta nos jutos do cartão de crédito, no mês de abril, o saldo do crédito ampliado ao setor não financeiro alcançou R$ 15,1 trilhões, ou 147,8% do PIB. Além disso, também atingiu uma alta de 0,6% no mês, devido principalmente à alta de 2,5% do saldo dos títulos públicos. Dessa forma, ao fazer uma comparação interanual, podemos perceber que o crédito ampliado cresceu 10,7%. Assim, prevaleceram as elevações na carteira de empréstimos do sistema financeiro, em 11,3%, e dos títulos de dívida, em 12,1%.
Em relação ao crédito ampliado a empresas, esse atingiu R$ 5,2 trilhões (51,2% do PIB). Dessa forma, esse índice representou a diminuição de 0,5% no mês, que foi influenciada principalmente pela queda dos empréstimos da dívida externa, 3,2%. Essa queda se deu em função da apreciação cambial de 2,4%. Já em relação a abril de 2022, a expansão de 11,9% do crédito ampliado a empresas refletiu principalmente os aumentos de 31,6% em títulos de dívida e de 5,1% na carteira de empréstimos do sistema financeiro.
Para completar, o crédito ampliado às famílias apresentou redução de 0,4% no mês. Dessa forma, acabou situando-se em R$ 3,5 trilhões (34,5% do PIB) em abril, com expansão de 15,1% em doze meses. Isso acabou refletindo o incremento nos empréstimos do sistema financeiro.
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