Os brasileiros que estão tentando comprar veículos novos no país vêm enfrentando muitos desafios. O mais significativo é a longa fila de espera devido à falta de componentes, em especial os chips semicondutores, utilizados nos veículos. Aliás, estes chips também estão fazendo falta para eletrodomésticos, iPhones, entre outros produtos.
A saber, o preço médio dos carros usados caiu 0,47% em abril, primeiro recuo em 22 meses. De acordo com o pesquisador André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), esse decréscimo pode ter sido pontual.
“Acho que essa queda de preços apurada em abril é um movimento esporádico. Não dá pra concluir só por um mês que essa queda dos preços seja efeito de juros sobre a demanda, por exemplo”, explicou Braz.
Por outro lado, o preço dos veículos novos cresceu 0,44% em abril, em relação a março, 20º avanço consecutivo. Em resumo, a alta ocorreu devido à longa fila de espera, que mostra que a demanda segue aquecida no país.
Inclusive, Braz diz que o preço médio dos carros usados também deveria ter subido, pois muita gente está recorrendo a eles por não conseguirem comprar veículos novos. “O preço é sensível à demanda. Então, se a demanda está subindo, os preços também deveriam aumentar”, disse.
Juros altos devem enfraquecer os preços dos veículos
Embora a demanda esteja aquecida, a expectativa é que haja uma desaceleração gradual nesses números. Em suma, os juros altos no Brasil encarecem os veículos e reduzem o número de pessoas interessadas em comprá-los.
Como os juros deverão subir ainda mais no decorrer deste ano devido à inflação muito elevada, a demanda deverá recuar. Assim, o preço médio dos veículos, tanto novos quanto usados, também deverão ter reduções significativas.
“Se os juros estão mais altos, está ficando mais caro financiar um carro. Isso faria com que a demanda esfriasse e, com isso, os preços recuariam”, pontou Braz.
Segundo o economista, os preços ainda não caíram por causa da inflação, que continua muito forte no país. “Se mais produtos estão ficando mais caros e essa alta é maior que a do mês anterior, então ainda não podemos falar em pressão de juros sobre a demanda”, disse.
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