A deflação registrada em junho fez com que a taxa de juro real da economia brasileira ultrapassasse a marca de 10% pela primeira vez desde o final de 2006. Com isso, esse movimento se alinha com as expectativas do mercado financeiro, intensificando as demandas por uma redução na taxa Selic em agosto.
Dessa forma, a taxa básica de juros, mantida em 13,75% ao ano desde agosto do ano anterior, desempenhou sua função como principal instrumento de política monetária para conter a inflação. Naquele momento, a taxa de juros real estava em 4,53%.
Este aumento na taxa de juros real é um reflexo do esforço contínuo das autoridades monetárias para manter a inflação sob controle. Além disso, o alto patamar de juros pode ser um desafio para a economia, pois torna o crédito mais caro, o que pode desestimular investimentos e consumo. Contudo, o controle da inflação é fundamental para a saúde econômica do país a longo prazo.
Inflação segue caindo
Como resultado dessas tendências, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acumulado nos 12 meses até junho caiu para 3,16%. Este percentual, abaixo da meta estabelecida pelo governo para este ano, é o mais baixo desde setembro de 2020 e impulsiona a taxa de juros reais (ajustada pela inflação) do Brasil para 10,17%. Esta é uma tendência que vem crescendo desde maio do ano passado.
A última vez que a taxa de juros real ultrapassou a marca de 10% foi em novembro de 2006. Naquele período, a inflação estava em torno de 3% e a taxa Selic estava em 13,15% ao ano. Desde então, as taxas de juros têm operado em níveis mais baixos.
Chegou até a entrar no território negativo em 2020, quando a taxa básica de juros foi reduzida para 2% ao ano, o nível mais baixo já registrado. Esta redução histórica ocorreu como parte de um esforço para estimular a economia durante um período de incerteza econômica sem precedentes.
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Corte na taxa de juro deve ocorrer já na próxima reunião
As expectativas do mercado financeiro já incorporam o primeiro corte na taxa Selic em um ano. Agora, o governo está pressionando para uma redução mais substancial de 0,5 ponto percentual na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), o que levaria a taxa para 13,25% ao ano.
Isso é uma diminuição mais acentuada do que a estimada pela maioria dos analistas, que prevê um ajuste de apenas 0,25 ponto percentual. Esta divergência reflete as diferentes visões sobre o ritmo adequado de afrouxamento monetário neste momento da economia brasileira.
“Não é possível que o BC não comece a baixar a partir de agosto, e que o corte não seja de 0,5 ponto, porque 0,25 vai mostrar uma sinalização de que não vamos chegar a 12% até o fim do ano”
Segundo as últimas previsões do mercado financeiro, apresentadas no Boletim Focus antes da deflação de junho ser anunciada, a taxa de juro Selic deve cair para 13,5% ao ano no próximo mês. Depois disso, espera-se uma série de reduções de 0,5 ponto em setembro, novembro e dezembro. Se estas previsões se confirmarem, a taxa Selic começará 2024 a 12% ao ano.