Uma recente pesquisa publicada pelo Instituto de Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), mostra que 60% dos jovens brasileiros na faixa etária de 16 a 34 anos de idade preferem se omitir em debates sobre política nas redes sociais. A postura de “isentões” causam o chamado “Efeito Anitta”, cujo receio em comentar sobre o tema está vinculado à polarização e ao radicalismo que cercam essas discussões.
Temendo falar bobagem, esses jovens evitam debates políticos por medo de serem cancelados na internet. O termo de cancelamento se refere ao ato de constrangimento em massa causado por internautas que se julgam superiores sobre o tema. A alusão à cantora Anitta foi estabelecida após a artista sofrer o mesmo tipo de atitude no ano de 2020
Na época, ela decidiu dar início a uma série de lives no Instagram com temas políticos com a ajuda da advogada e jornalista política Gabriela Prioli. A iniciativa teve o poder de ajudar milhares de brasileiros de todas as idades que se sentiam leigos ou que não acreditavam saber o bastante sobre o tema.
Hoje, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, que trata sobre o resultado da pesquisa, o grupo na faixa etária mencionada prefere debater sobre política na escola, em igrejas e festas. Na oportunidade, o cientista político, Márcio Block, explicou que a sociabilidade do jovem na atualidade, sobretudo em regiões periféricas, ocorre neste contexto.
Sendo assim, torna-se inevitável a politização do tema, dos debates e afins, da mesma forma como as rodas de samba eram ambientes politizados nos anos 1970. Até mesmo porque, na época, tratavam-se de movimentos que precisavam se consolidar como resistência.
“O ‘pancadão’ é o movimento cultural jovem que sofre a maior repressão policial e social, hoje. A partir disso, eles se organizam nessa associação e entendem que, para reverter essa repressão, eles precisam de alguém que os represente na Câmara Legislativa”, explicou o cientista político.
Outro fator com grande influência sobre o posicionamento dos jovens quanto à política é o compromisso em participar das eleições de 2022. Neste sentido, o levantamento do Ipec, realizado após solicitação da ONG Avaaz e da própria fundação, aponta que 82% do grupo com até 18 anos pretende tirar o título de eleitor para que já estejam aptos a votar no próximo pleito eleitoral. A maior parte, o equivalente a 29%, acredita ser o momento político mais preocupante.