Isabella Vecchini, uma jovem esteticista de 20 anos, foi às redes sociais denunciar ter sido vítima de ofensas racistas enquanto estava em um supermercado de Praia Grande, no litoral de São Paulo. De acordo com a jovem, em entrevista ao portal “G1” nesta quarta-feira (19), o caso aconteceu na segunda (17).
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Na ocasião, contou Isabella Vecchini, ela estava na fila de um supermercado da empresa Dia, quando um homem chegou querendo ser atendido antes dela.
“Eu estava na fila com duas amigas […] Fomos para um caixa que estava mais vazio e, do nada chegou esse homem, alterado, reclamando que estava na fila já, e só tinha saído rapidinho. Aí, perguntei para outra moça que estava na frente se ele tinha saído e avisado a ela que voltaria. Ela disse que não, e nós [ela e o homem] discutimos”, relata a jovem.
Ainda de acordo com Isabella Vecchini, durante a discussão, ela argumentou que estava com pressa e não poderia deixar o homem passar na frente dela. Neste momento, relatou a jovem, ressaltando que não ofendeu o homem em nenhum momento, o suspeito passou a xingá-la.
“Em nenhum momento eu o ofendi, mas ele passou a me ofender, disse que, com meu cabelo, ‘parece que saí do esgoto’, e me chamou de ‘incenso de macumba’. Minhas amigas falaram para ele que isso é racismo, e ele passou a soltar mais ofensas, mas não deu para entender todas”, relata.
Jovem gravou o suspeito
Quando os insultos começaram, a esteticista resolveu gravar o homem que, neste momento, começou a fazer gestos obscenos e mostrou o dedo do meio para ela. Segundo a jovem, um fato que a espantou foi que o funcionário do mercado não interviu ou chamou algum superior para relatar a ocorrência.
“O moço do caixa passou as compras do homem tranquilamente, em nenhum momento interviu, ou disse que ele estava errado, ou chamou o gerente. Literalmente, aceitou a situação, e se manteve neutro. Aí, o cara saiu e foi embora”, contou.
Apoio e críticas nas redes sociais
Além de relatar que pediu as imagens para o supermercado Dia, mas não conseguiu, pois a empresa afirmou que só poderia fornecê-las caso solicitadas pela polícia, a jovem relatou que, após postar o vídeo que fez, recebeu um grande apoio das pessoas. Todavia, ela relata que outros indivíduos afirmaram que a gravação dela teve apenas um objetivo: chamar a atenção.
“É chocante ainda ver que tem pessoas sugerindo isso. Quem quer ser vista por sofrer preconceito? Eu frequentava o mercado quase todos os dias, todos me conheciam, e ninguém interviu, continuaram seguindo suas vidas como se o que ele estava falando fosse normal”, desabafou ela.
Em nota, o supermercado Dia afirmou que está apurando o fato e que não compactua com qualquer atitude desrespeitosa. Por fim, a jovem relatou que pretendia registrar um boletim de ocorrência ainda nesta quarta contra o homem, que ainda não foi identificado.
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