O jovem Emerson Adriano Nunes Castro, de 22 anos, afirmou, no sábado (07), que foi abordado por um suposto policial por conta de sua cor. De acordo com as informações, ele foi abordado por um homem armado em um supermercado na Asa Norte, em Brasília.
Vídeos que circulam pelas redes sociais mostram uma parte da abordagem. Nas imagens, é possível ver que o suposto policial afirma que o jovem estava ameaçando os clientes do supermercado.
Todavia, no vídeo, Emerson nega o fato, chora e diz que apenas pede ajuda no local. Logo após a abordagem, o suposto agente da Polícia Civil devolve os documentos que havia pego do rapaz e se afasta.
Em entrevista ao portal “G1”, publicada neste domingo (08), Emerson revela que é de Fortaleza, no Ceará, e se mudou há pouco tempo para Brasília. Ainda conforme o jovem, ele costuma ir com a esposa, que está grávida, e também tem 22 anos, ao estacionamento do supermercado, para pedir ajuda.
Hoje, ambos estão desempregados e moram em uma invasão na região. De acordo com Emerson, instantes antes de ter sido abordado, ele havia oferecido ajuda para carregar as compras de uma cliente, mas a pessoa negou a ajuda.
Depois disso, conta Emerson, o suposto policial passou a encará-lo e ele retribuiu. “Aí ele puxou uma pistola e veio para cima de mim. Disse: ‘Eu não quero você aqui, você está intimidando os outros’. Abriu minha mochila e pegou meus documentos. Queria me levar pra delegacia, sem eu ter feito nada. Pensei que ia morrer”, afirmou o rapaz.
Segundo ele, quando as testemunhas que gravaram o vídeo chegaram, o suposto agente devolveu os documentos a Emerson e o liberou. No vídeo, o homem nega que estava tentando intimidar o jovem.
“Emerson, se não tem nada, ‘tá’ tudo certo. Para alguém que precisar da sua ajuda, a pessoa te pede. Tá joia? Agora, eu vou conferir seu documento. Você falou que trabalha na padaria, ótimo. Eu moro lá do seu lado. Aí a gente pega, e depois vai conversar”, diz o homem na gravação.
Já para Emerson, toda a ação aconteceu por questões raciais. “Acho que foi discriminação por ser preto, por ser tatuado. O pessoal vê como ameaça, vê como um bandido, uma pessoa do mal. Só por conta de como a gente está”, diz.
Em nota, a Polícia Civil afirma que, para que o caso seja investigado, é necessário o registro da situação, o que ainda não aconteceu. “Após a comunicação e registro de ocorrência, as unidades policiais da PCDF iniciam as investigações criminais”.
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