Para o ex-ministro do PT, José Dirceu, o presidente da república, Jair Bolsonaro (sem partido), quer dar um golpe e promover a volta da ditadura. Todavia, segundo o petista, o chefe do Executivo não conta com o apoio popular para estas atitudes.
“Não há dúvida de que Bolsonaro quer o golpe e a volta da ditadura. Mas não tem apoio do povo brasileiro que, em sua maioria, o reprova”, disse o ex-ministro, que esteve preso até 2019 após condenação na operação Lava Jato, em uma coluna para o jornal “Poder360”.
De acordo com José Dirceu, nem mesmo as pessoas que o apoiaram em 2018 concordam com seus ataques recentes e determinam que ele cumpra os preceitos da Constituição e respeite a democracia.
Para o ex-político, a convocação para atos de 07 de setembro é uma tentativa de chantagear os outros Poderes da República e de aterrorizar o povo e a oposição. “Suas ameaças contra o STF e seus apelos a uma intervenção militar são mais que suficientes para seu impeachment. Felizmente a imensa maioria da sociedade repudia suas bravatas e exige o respeito ao Estado Democrático de Direito”, afirmou.
José Dirceu diz que é hora de unir forças
Em outro momento do artigo, José Dirceu afirmou que momento atual exige união a fim de que todas forças democráticas se unam para defender a democracia. “Não devemos vacilar ou ter dúvidas sobre a necessidade de reunir todos os setores políticos e sociais que se opõem a Bolsonaro e defendem a democracia, o sistema e o calendário eleitoral e a posse do presidente que for eleito em 2022”, disse o petista.
Hoje, o que está em jogo, afirmou José Dirceu, não é quem governará o Brasil e, sim, as próprias eleições e instituições brasileiras. “Nossa experiência na campanha das Diretas Já e no impeachment de Collor nos ensina que a unidade das forças democráticas é a única forma para a mobilização de amplos setores da sociedade para ir às ruas”, diz.
Para o ex-ministro do governo do PT, construir e manter essa unidade exige que se estabeleça uma liderança. Esta, segundo ele, terá o papel de não aceitar as provocações de Bolsonaro e, ao mesmo tempo, manter-se firme para enfrentar “os arroubos golpistas” vindo de Bolsonaro e seus aliados.
Por fim, José Dirceu ainda afirmou que o momento exige das Forças Armadas o cumprimento estrito e absoluto da Constituição. Nesse sentido, o ex-ministro toca no assunto “poder moderador”, que foi objeto de discussão no ano passado, quando apoiadores de Bolsonaro afirmavam que a instituição tinha o poder de “moderar” os conflitos entre os poderes.
“Na Carta de 1988 não há lugar para poder moderador ou tutelar dos militares. O único lugar que cabe às Forças Armadas é a obediência ao poder civil –no caso, às decisões do Congresso e do Judiciário às quais todos, começando pelo presidente da República, estamos submetidos”, disse o petista no artigo.
Leia também: Cármen Lúcia não vai analisar condução coercitiva de lobista pedida pela CPI