Condenado por ter participado do mensalão, um dos esquemas mais famosos de corrupção no Brasil, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT) afirmou que o grupo criminoso, que de acordo com as investigações foi organizado por integrante do Partido dos Trabalhadores (PT), “nunca existiu”.
A declaração de José Dirceu foi feita nesta quarta-feira (27) durante uma entrevista concedida à rádio “BandNews FM” de Manaus, no Amazonas, enquanto ele falava sobre a recente troca de farpas entre a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e o ex-chefe do Executivo Michel Temer (MDB).
“Certas coisas não se podem apagar. Houve um golpe, ele era vice-presidente, a Dilma jamais violou a Constituição. Eu, por exemplo, fui condenado no chamado mensalão, que nunca existiu”, afirmou.
José Dirceu foi condenado há mais de sete anos de prisão em 2012 acusado de ter feito parte de um esquema de compra de votos – ele foi preso em 2013, mas viu sua pena ser extinta pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que entendeu que o petista “é portador de bom comportamento e não praticou infração disciplinar de natureza grave”.
“Um juiz me condenava sem provas porque a literatura permitia. O outro disse que o ônus da prova cabia aos acusados, no nosso caso. E o outro me condenou pelo domínio de fato, mas aí o autor veio ao Brasil e disse que não cabia. Então são condenações políticas”, afirmou ele na entrevista.
“No caso da cassação da Dilma, foi uma cassação política com anuência do Poder Judiciário. Eu sempre falo que foi um golpe parlamentar-judicial”, opinou José Dirceu ao comentar sobre a polêmica entre Dilma e Michel Temer.
Na semana passada, assim como publicou o Brasil123, Michel Temer disse em uma entrevista que Dilma era “honestíssima” e que o impeachment de 2016 ocorreu devido às “dificuldades” da petista em se relacionar com o legislativo. Em resposta, a ex-presidente classificou Michel Temer como a pessoa que “articulou uma das maiores traições políticas dos tempos recentes”.