Jornalistas que cobriram a eleição no Brasil relataram fatos que mais chamaram a atenção durante o pleito. Dentre os tópicos citados estão fake news, urnas rápidas e protagonismo das redes sociais. Em entrevista ao portal “G1”, Naiara Galarraga Gortázar, correspondente do espanhol “El País”, relatou que ficou impressionada com a velocidade com que o resultado eleitoral foi anunciado.
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De acordo com a comunicadora, o processo eleitoral do Brasil deve servir como espelho para o mundo. “Sigo maravilhada com o fato de que, em uma eleição com dezenas de milhões de eleitores, as autoridades sejam capazes de contar os votos em três horas, ainda mais em um país que tem lugares tão remotos”, relatou a jornalista.
Em outro momento, a repórter ainda destacou o “protagonismo” que as redes sociais têm no Brasil e a quantidade de notícias falsas que circulam por essas plataformas. “Na Espanha também temos esse problema, mas não nesse nível. Acho assustador o que as campanhas fazem para destruir a reputação dos rivais”, avaliou a comunicadora que atua pelo “El País”.
Ainda em entrevista ao portal, Travis Waldron, repórter sênior do “Huffington Post”, também destacou a velocidade da apuração, ainda mais em comparação com o que acontece em seu país de origem, os Estados Unidos. “Nossas eleições nos Estados Unidos são destiladas em dois anos, entre as primárias e as eleições gerais. Depois, temos uma contagem demorada. Aqui, a velocidade de todo esse processo é incrível”, afirmou.
Outro ponto destacado por ele foi os jingles, isto é, as músicas eleitorais que foram produzidos no Brasil durante as eleições. “Nos EUA as campanhas costumam ter slogans, como o ‘Yes, We Can (da campanha de Barack Obama)’ e o ‘Make America Great Again (da campanha de Donald Trump)’, mas não com músicas” relatou ele, que confessou ter ficado surpreso com a “atmosfera de celebração” após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Em Washington (capital dos EUA), é comum as pessoas irem à entrada da Casa Branca para celebrar após o resultado das eleições, mas nem se compara com o que eu vi na avenida Paulista na noite de domingo (30). Além da festa, o fato de o Lula aparecer de repente para um discurso, isso não é comum para nós”, observou ele, que afirmou que sabia que isso acontecia, mas ver ao vivo foi mais “intenso”. “Eu já sabia que era assim, mas, vendo em primeira pessoa, é tudo mais intenso”, disse.