A Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados realizará uma audiência pública no intuito de ouvir o jornalista Alexandre Aprá de Almeida. O profissional da comunicação deve esclarecimentos sobre os crimes contra jornalistas no estado do Mato Grosso (MT).
A audiência foi solicitada pelo deputado, Subtenente Gonzaga (PDT-MG), após o jornalista Alexandre Aprá procurar a Polícia Federal para entregar uma série de áudios e vídeos gravados por um detetive particular, supostamente contratado pela primeira-dama de Mato Grosso, Virginia Mendes. A intenção da mulher por meio dessa ação é incriminá-lo por tráfico de drogas e aliciamento de menores.
Na oportunidade, o parlamentar destacou que o jornalista tem o costume de investigar ações suspeitas de políticas. Desta vez, o empenho esteve voltado a contratos suspeitos do Governo do Mato Grosso, junto a agências de publicidade, em outras palavras, matérias jornalísticas que mostraram publicamente os gastos excessivos com comunicação, mas que na realidade, não foram divulgados com transparência. O deputado lembrou sobre relatos de perseguição política pelo governador Mauro Mendes (DEM), a esposa e o publicitário Ziad Fares contra o jornalista.
O jornalista é fundador do site independente Isso É Notícia, de Cuiabá, e há algumas semanas, deixou o estado do Mato Grosso alegando ter sido ameaçado pelas reportagens publicadas que detalham os gastos do governo com publicidade. Mas antes de sair da unidade federativa, ele recorreu a uma notícia-crime na Polícia Federal requerendo a investigação do caso.
O governador acusado de tentar incriminar o jornalista negou qualquer ligação com o repórter, alegando que se trata de um plano do profissional que é financiado pelos adversários com um contrato estrondoso. Na oportunidade, o governador também disse ter registrado um boletim de ocorrência contra Aprá por calúnia. O jornalista, por sua vez, mencionou que chegou a ser avisado por colegas para cessar as publicações contra o governo.
Conforme apurado, quando o jornalista tomou conhecimento sobre o plano, ele infiltrou um amigo para se aproximar do detetive contratado pela primeira-dama e coletar provas. Foi então que ele conseguiu reunir uma série de gravações nas quais o próprio detetive afirma realizar as investigações contra ele. O detetive chegou a admitir a instalação de um GPS no carro do jornalista para rastreá-lo.
Na oportunidade, o jornalista disse que espera que a situação se resolva o quanto antes para que ele possa voltar para casa. Foi então que ele informou sobre o pedido de inclusão no programa de proteção a testemunhas, mas não foi notificado sobre o requerimento.
Ele também questionou o fato de o governador ter a intenção de processar o jornalista ameaçado sem fazer nenhuma menção ao detetive. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) se pronunciou sobre o ocorrido por meio de nota conjunta com o Sindicato dos Jornalistas do Estado de Mato Grosso. Ambas as entidades repudiam as ameaças e prestaram solidariedade a Aprá cobrando soluções sobre a denúncia.