O jornal investigativo russo Novaya Gazeta informou nesta segunda-feira (15) que uma substância química não identificada foi encontrada na entrada do prédio da redação em Moscou. “Não podemos andar entre andares ou ir para a rua”, afirmou o editor-chefe, Dmitry Muratov. A substância química foi levada para análise pelo serviço de segurança russo.
O incidente ocorreu quando três ONGs entraram com um processo contra o grupo mercenário russo Wagner por causa da tortura e morte de um detido na Síria. Muratov observou na declaração que o caso foi “baseado nos artigos do jornal”.
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Em 2019, o Novaya Gazeta publicou uma investigação sobre o assassinato. As imagens mostraram homens que falavam russo batendo na vítima com um martelo. Em seguida, eles desmembraram o corpo do detido, e atearam gasolina e fogo.
O jornal também publicou uma investigação sobre os abusos cometidos na Chechênia. A república autônoma na região do Cáucaso é dirigida pelo líder autoritário Ramzan Kadyrov.
Múltiplos ataques ao jornal russo
O Novaya Gazeta, assim como os jornalistas do jornal, já sofreram vários ataques desde a criação, em 1993. Pelo menos seis profissionais da imprensa foram assassinados desde 2001.
Em 2006, por exemplo, uma jornalista foi morta a tiros no hall de entrada do prédio onde morava, em Moscou. Ela investigava o presidente russo, Vladimir Putin, e as táticas do governo da Rússia na Chechênia. Já em 2018, uma coroa fúnebre e uma cabeça de cabra decepada foram deixadas do lado de fora da redação do jornal investigativo com um recado: “ao editor-chefe da Novaya Gazeta”.
O jornal é propriedade de sua equipe editorial, mas também com participações do magnata dos negócios Alexander Lebedev e do ex-líder soviético Mikhail Gorbachev.
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