Informações reveladas neste domingo (11) pelo jornal “Folha de S. Paulo” mostram que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), empregou, em uma estatal, parentes de Luciano Cavalcate, que foi assessor da liderança do PP na Casa e foi demitido após uma operação da Polícia Federal (PF).
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Hoje, Luciano Cavalcante é investigado por um suposto esquema de desvio de dinheiro público para compra de kits robótica para escolas em Alagoas, base eleitoral de Arthur Lira. Conforme o canal, os parentes do acusado foram empregados por Arthur Lira na Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).
A mulher de Luciano Cavalcante, Glaucia Maria de Vasconcelos Cavalcante, desempenha o cargo de gerente regional de Planejamento e Engenharia do órgão, com salário de R$ 13.313. Já o irmão do investigado, Carlos Jorge Ferreira Cavalcante, conhecido como Carlito, desempenha o cargo de superintendente da estatal em Maceió, com um vencimento de R$ 19.487.
Carlito fez campanha para Arthur Lira e seu pai, Benedito de Lira, o Biu, atual prefeito de Barra de São Miguel, Alagoas. Nas redes sociais, o suspeito de desvio de dinheiro chegou a publicar fotos ao lado de Arthur Lira em comícios e outros eventos políticos em Alagoas.
A CBTU é uma empresa responsável pela administração de trens urbanos em cinco capitais do país, tendo um orçamento de R$ 1,3 bilhão. Só no ano passado, o órgão em Maceió movimentou R$ 23 milhões em recursos federais. De acordo com a “Folha de S. Paulo”, o diretor presidente da companhia, José Marques de Lima, também é um indicado de Arthur Lira e, ocupando o posto desde 2016, tem um salário de R$ 25.705. Ainda conforme o canal, até uma das primas do presidente da Câmara, Orleanes Lira, faz parte do quadro de comissionados da estatal, tendo um salário de R$ 13.313 para ocupar o posto de gerente da companhia.
Entenda a investigação
Na semana passada, a Polícia Federal cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão contra aliados do presidente de Arthur Lira por conta da investigação que foca em desvios em contratos para a compra de kits de robótica com dinheiro do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Esses recursos, de acordo com a PF, vieram de emendas de relator, conhecidas como “orçamento secreto” que, à época, eram controladas por Arthur Lira – a operação da Polícia Federal chegou a apreender um cofre com ao menos R$ 4,4 milhões em dinheiro em espécie. De acordo com o jornal, foram destinados R$ 26 milhões de recursos do Ministério da Educação (MEC) para a compra dos kits de robótica para escolas de pequenas cidades do estado, que sequer tinham água encanada, internet ou computadores.
Esses equipamentos, vendidos pela Megalic, foram adquiridos por um valor 420% maior em relação ao preço pago em ao menos uma das compras. Nesse sentido, ainda segundo o jornal, enquanto as prefeituras gastaram R$ 14 mil por cada robô educacional, a Megalic adquiriu unidades por R$ 2,7 mil.
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