O senador Omar Aziz (PSD-AM), recém eleito presidente da Comissão de Transparência e Fiscalização, afirmou que as joias recebidas por Bolsonaro podem estar ligadas a venda de uma refinaria brasileira. Isso porque, em 2021, um fundo soberano da Arábia Saudita comprou a Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia.
Segundo investigações preliminares, a venda foi feita um mês após a comitiva do presidente chegar ao Brasil. Contudo, o fundo comprador fica nos Emirados Árabes, país que Bolsonaro também visitou. Por isso, para abrir as investigações, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) afirmou que há proximidade política e geográfica entre os países entre si e com o governo brasileiro.
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A venda da refinaria na gestão Bolsonaro
Em novembro de 2021, o Governo Federal efetuou a venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia. Segundo o Ineep, a avaliação da refinaria era de R$ 3 bilhões, mas o contrato de venda foi fechado no valor de R$ 1,8 bilhão. Analistas do banco BTG também disseram que a venda foi abaixo do preço de mercado, afirma a FUP. O fundo comprador, Mudabala Capital, é dos Emirados Árabes, mas pode haver proximidade com o governo saudita.
Caso essa suspeita se confirme, os investigadores podem entender que a entrega das joias a Bolsonaro não serviria como um presente da diplomacia, mas sim como uma propina para que o governo vendesse a refinaria por um preço menor que o de mercado. Segundo o Estadão apurou hoje (9), há indícios de que o governo fez sucessivas tentativas de retirar as joias da Receita Federal, inclusive dois dias antes de o agora ex-presidente ir para os Estados Unidos, no final de seu mandato.
Vale lembrar que a joia foi avaliada em R$ 16,5 milhões. Segundo inspetores e especialistas em lavagem de dinheiro, o uso de joias é comum para crimes de lavagem de dinheiro. Essa tese não foi confirmada por investigadores até o momento.
Em entrevista, Omar Aziz afirmou que a Comissão de Transparência e Fiscalização enviou ofícios à Petrobras pedindo explicações sobre a venda da refinaria.
O Mudabala Capital
A venda da refinaria para o fundo Mudabala Capital, ainda na gestão Bolsonaro, marca uma série de privatizações que o governo fez, não apenas na Petrobras, mas em diversas estatais. Apesar disso, a venda chamou a atenção pela possível proximidade entre o fundo e o governo da Arábia Saudita. Investigadores vão analisar se há indícios de corrupção na venda da refinaria.
Contudo, Omar Aziz diz “não estar julgando ninguém“. Segundo o senador, “a forma como se deu o caso foi bastante estranha. Se fosse uma propina de 3 milhões de euros, seria muito difícil transportar num voo normal. Mas isso, transformado em diamante, que não perde nunca o valor”. Isso corrobora com o que dizem analista sobre a lavagem de dinheiro.
Além disso, investigadores querem descobrir os motivos de a gestão de Jair Bolsonaro fazer sucessivas tentativas de retirar o produto da Receita Federal sem fazer os procedimentos legais para enviar o produto ao acervo nacional.
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