Depois de muita polêmica, João Doria (PSDB), ex-governador de São Paulo, anunciou que não vai ser candidato à presidência da República. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (23) e aconteceu porque o ex-gestor estadual vinha enfrentando uma forte resistência interna vinda de seu partido e também de legendas que integram a chamada terceira via.
A decisão de Doria foi anunciada um dia antes da reunião do PSDB para confirmar o posicionamento do partido nas eleições deste ano. A tendência era, e agora é ainda mais, que a legenda apoie a senadora Simone Tebet (MDB), que será a nome da terceira via, criada para tentar acabar com a polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-chefe do Executivo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Durante seu discurso, Doria afirmou que o Brasil precisa de uma alternativa para oferecer aos eleitores que não querem os extremos. Por conta disso, colocou-se à disposição do PSDB para ser o nome do partido na disputa das eleições. No entanto, segundo ele, apesar de ter vencido as prévias da legenda, ele não é a escolha preferida da cúpula tucana.
“Aceito esta realidade com a cabeça erguida. Sou um homem que respeita o consenso, o diálogo, o equilíbrio. Sempre busquei e seguirei buscando o consenso mesmo que ele seja contrário à minha vontade pessoal”, disse.
Segundo ele, o PSDB saberá tomar a melhor decisão quanto ao posicionamento político para este ano. “Me retiro da disputa com o coração ferido, mas com a alma leve. Com a sensação inequívoca do dever cumprido, de missão bem realizada. Com boa gestão e sem corrupção”, afirmou o ex-governador de São Paulo.
Doria fala em “gratidão”
Ainda em seu pronunciamento, João Doria disse que sai da disputa com o sentimento de “gratidão”, ciente de que tudo que fez foi em prol de um ideal coletivo em favor dos paulistanos, dos paulistas e dos brasileiros.
“Saio como entrei na política: repleto de ideias, com a alma cheia de esperança e o coração pulsante. Confiante na força do povo brasileiro que tem fé na vida e fé em Deus”, disse ele, completando com um pedido de desculpas pelos excessos e erros cometidos durante os anos na política.
“Peço desculpas pelos erros. Se me excedi foi por vontade de acertar. Se exagerei foi pela pressa em fazer com perfeição. Se acelerei foi pela urgência que as ações públicas exigem. Os acertos foram frutos do trabalho em equipe. Da ousadia e da coragem e do propósito que sinto em perseguir”, disse João Doria.
De olho na política
Por fim, além de garantir que não irá sair do PSDB, mesmo após a alta cúpula do partido ter minado sua candidatura, João Doria afirmou que continuará observando o Brasil e à disposição para ajudar, seja na vida política, seja na vida privada.
“Seguirei. Seguirei como observador sereno do meu país. Sempre à disposição para lutar a guerra para a qual eu for chamado. Na vida pública ou na vida privada. Que Deus proteja o Brasil”, finalizou.
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