Para o ex-presidente Jair Bolsonaro, ícone da extrema-direita, o motim de 8 de janeiro por seus apoiadores em Brasília, após sua estreita derrota nas eleições, trouxe um de seus maiores medos: a prisão. Contudo, tanto para Bolsonaro e seus aliados, um risco muito maior do que a prisão é a perda de algo que ele parece valorizar quase tanto quanto sua liberdade, ou seja, sua carreira política.
Bolsonaro pode se tornar inelegível
O perigo de Bolsonaro enfrentar uma investigação criminal contra ele supera em muito a possibilidade de sanções por supostas violações eleitorais. Essas ações raramente resultam em pena de prisão, mas geralmente podem ocorrer multas e, mais especificamente, em uma possível proibição de atuação em cargos públicos por até oito anos.
Tal penalidade impediria, portanto, que Bolsonaro, de 67 anos, voltasse a cargos públicos até 2030. De acordo com Tarcísio Vieira de Carvalho, advogado de Bolsonaro para os casos eleitorais, seu cliente vê as acusações contra ele como “perseguição política”.“É como se eu tivesse que jogar 16 vezes e não pudesse perder uma única vez”, afirmou.
“É muito difícil evitar a inelegibilidade [para concorrer novamente]. Mas desistir não é meu perfil nem do Bolsonaro.”, complementou.
Movimento antidemocrático pode continuar sem seu líder
Embora Bolsonaro tenha sido derrotado em outubro, seus aliados políticos ganharam espaço no Congresso e nos governos estaduais. Assim, o movimento de direita que o ex-presidente alimentou no Brasil, baseado em desinformação, teorias da conspiração e retórica antidemocrática, pode agora ser forte o suficiente para prosperar sem ele.
Assim, apesar dos constantes gritos de indignação de alguns de seus seguidores mais radicais, os eleitores de Bolsonaro não estão necessariamente ansiosos por seu retorno. Isso deixa espaço para que um direitista “pouco mais civilizado” preencha o vazio deixado por Bolsonaro após sua fuga para os EUA.
Bolsonaro e pedido de extradição
Bolsonaro já havia informado que voltaria ao Brasil ainda neste mês. No entanto, acredita-se que o ex-presidente continue preocupado com a possibilidade de ser preso no Brasil.
Além disso, os legisladores democratas dos EUA estão pressionando o governo Biden a cancelar o visto de Bolsonaro se ele optar por permanecer nos Estados Unidos. “Os Estados Unidos não devem fornecer abrigo para ele, ou qualquer autoritário que tenha inspirado tal violência contra as instituições democráticas”, escreveu 41 democratas da Câmara em uma carta de 12 de janeiro ao presidente Biden.
Em suma, se Jair Bolsonaro busca asilo em outro lugar, os analistas apontam para a Itália, que concede a cidadania aos antepassados dos imigrantes italianos. É importante ressaltar que seu bisavô nasceu no nordeste da Itália, possibilitando que ele e seus filhos possam se qualificar.