Nesta segunda-feira (12), o Ipec publicou uma pesquisa que avalia alguns pontos relacionados as manifestações contra a corrupção que ocorreram em junho de 2013. Neste ano, os protestos que ocorreram em todo o Brasil completa 10 anos e foi um importante marco para entender a atual conjuntura política do país, desde a forma como os eleitores passaram a enxergar a política brasileira até mesmo na composição partidária.
Nesse sentido, a pesquisa Ipec apontou que 40% dos eleitores entendem que as manifestações ocorridas em junho de 2023 não ajudaram a diminuir a corrupção no Brasil. Por outro lado, 35% entendem que os protestos de 10 anos atrás contribuíram para a diminuição da prática no país. Já 11% não concorda e nem discordam sobre a corrupção no país e 16% não sabem responder se as manifestações ajudaram a diminuir as práticas de corrupção no país.
A pesquisa também traçou um paralelo entre a atual avaliação do governo federal com a avaliação sobre o que mudou com as manifestações contra a corrupção, entre aqueles que classificam o governo como ruim ou péssimo, 32% entendem que não houve mudança. Já entre aqueles que consideram o governo de Lula como ótimo ou bom, 25% acreditam não ter havido mudança, mostrando maior otimismo entre aqueles que acreditam no atual governo.
Para obter as informações, o Ipec realizou 2 mil entrevistas presenciais, feitas entre os dias 1º e 5 de junho em 127 municípios brasileiros. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, onde o intervalo de confiança considerado é de 95%, sendo assim, caso o mesmo levantamento fosse refeito utilizando as mesmas condições metodológicas durante o mesmo período, os resultados apresentados teriam a probabilidade de se repetir dentro da margem de erro.
Manifestações contra corrupção mudaram voto de 39% dos entrevistados
A pesquisa Ipec também apontou que as manifestações de 2013 foram importantes para mudar a forma de escolher os políticos para uma parte considerável dos entrevistados. De acordo com 39%, as manifestações tiveram um importante peso na tomada de decisão ao votar nas eleições posteriores ao ano dos protestos. Entre aqueles que mudaram sua forma de escolher os políticos, a proporção de homens (44%) é maior em comparação com a de mulheres (35%).
Segundo a cientista política, Carolina Botelho, do Instituto de Estudos Avançados (USP) e pesquisadora associada da UERJ, a mudança de votos está associada a uma direita “repaginada”. A pesquisadora explica que os protestos atraíram para as ruas um movimento de massas de direitas que estava represado desde a ditadura militar, fortalecendo candidatos com pautas conservadoras.
Embora Dilma Rousseff (PT) tenha se reelegido no ano seguinte, a direita radical passou a ganhar espaço. Por exemplo, Jair Bolsonaro aumentou em quatro vezes a quantidade de votos que recebeu nas eleições anteriores, saltando de 100 mil para 400 mil votos. ” O que muda na classe política é que a direita consegue vocalizar e levar pessoas para as ruas, e os políticos ligados a essas questões tentam trazer para si esse eleitorado. Bolsonaro é parte disso, teve em parte uma inteligência política (para se apropriar desse movimento). Essa é uma mudança profunda” disse Carolina.