O Investimento Direto no País (IDP) tombou 26,2% em agosto deste ano, na comparação com julho. Em resumo, o valor chegou a US$ 4,5 bilhões no mês, contra US$ 6,1 bilhões registrados no mês anterior. Por outro lado, o montante superou em 73% o IDP em agosto de 2020.
Apesar do tombo na comparação mensal, o ingresso de investimentos externos na economia brasileira totaliza US$ 36,245 bilhões entre janeiro e agosto de 2021. Isso representa um aumento firme de 14,8% em relação ao mesmo período do ano passado (US$ 31,550 bilhões).
O que explica o aumento expressivo é a base comparativa fraca. A saber, os investimentos no país afundaram no ano passado por causa da pandemia da Covid-19. Por isso que o aumento anual é bastante expresso. Já na comparação com o mesmo período de 2019, quando não havia pandemia, o valor está 17,4% menor (US$ 43,881 bilhões).
Estes dados fazem parte do levantamento feito pelo Banco Central (BC), cuja divulgação ocorreu nesta sexta-feira (24). De acordo com o BC, o montante registrado no ano cobre com folga o rombo de R$ 6,539 bilhões nas contas externas no ano.
Balança comercial ajuda a reduzir rombo das contas externas
Aliás, o que reduziu o rombo no período foi um déficit menor da conta de serviços, bem como a realização de menos gastos no exterior do que a média. Ao mesmo tempo, o superávit de US$ 7,7 bilhões da balança comercial brasileira em agosto impulsionou as contas externas no mês.
Em síntese, o país precisa encontrar outras formas de cobrir o déficit quando os investimentos estrangeiros não conseguem fazer isso. Para fechar as contas, o país recorre ao ingresso de recursos para aplicações financeiras ou busca empréstimos no exterior, por exemplo.
A saber, o resultado das transações correntes consiste em: balança comercial (comercialização de produtos entre o Brasil e outros países), serviços (adquiridos por brasileiros em outros países) e rendas (juros, lucros e dividendos para o exterior).
Veja detalhes das contas externas do Brasil
Em suma, os investimentos estrangeiros afundaram 50,6% em 2020, totalizando US$ 34,167 bilhões. Aliás, este foi o pior resultado desde 2009, quando o país registrou US$ 31,480 bilhões em IDP. Vale destacar que a pandemia da Covid-19 elevou exponencialmente os gastos em 2020.
Por sua vez, o rombo das contas externas despencou 75,3% no ano passado, recuando para US$ 12,517 bilhões. A propósito, este foi o melhor resultado anual desde 2007, quando houve um superávit de US$ 408 milhões. Como a crise sanitária afetou fortemente o turismo, muitos brasileiros não viajaram para o exterior, reduzindo também os gastos com serviços adquiridos em outros países.
Por fim, o BC estima que haja um ingresso de US$ 60 bilhões em investimentos estrangeiros no Brasil em 2021, quase o dobro do registrado ano passado (US$ 34,167 bilhões). Dessa forma, o banco acredita na proficiência do país em fechar as contas do ano. Para setembro, a projeção é de entrada de US$ 5 bilhões.
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