A invasão do rio Madeira por garimpeiros ilegais acontece por uma conjunção de fatores. Mas dentre eles estão o aumento no preço do ouro, queda na fiscalização ambiental, discursos e ações governamentais simpáticas à atividade e facilidade para “esquentar” o ouro ilegal.
Além disso, essa invasão evidenciou o avanço dos garimpos ilegais nos rios da Amazônia. Entretanto, esse movimento que ocorre há vários anos, mas os ambientalistas afirmam que se intensificou durante o governo do presidente Jair Bolsonaro.
A extração ilegal de ouro acontece com a utilização de balsas que são verdadeiras dragas que reviram o leito do rio em busca de ouro. A invasão do rio Madeira é para buscar o ouro.
Histórico de atividade garimpeira no rio Madeira
Os garimpos ilegais no rio Madeira não são uma novidade. A atividade vem sendo exercida na região há décadas, mas, inicialmente, ela se concentrava mais próxima ao Estado de Rondônia, que também é cortado pelo rio. Entretanto, agora, ela vem avançando também pelo território do Amazonas, mais especificamente entre os municípios de Borba, Nova Olinda do Norte, Novo Aripuanã e Autazes.
Em grupos organizados em redes sociais, os garimpeiros classificam os anos 1980 como o “auge” dessa atividade, quando milhares de pessoas foram atraídas pela promessa de ouro fácil e rápido.
O Madeira é famoso por supostamente ter enormes depósitos de ouro em seu leito. Para extraí-lo, eles quase sempre recorrem a mergulhadores que ajudam a derrubar barrancos de terra e a puxá-los com bombas de sucção para a superfície.
Essa atividade é extremamente perigosa, e há inúmeros relatos de mergulhadores que morreram atingidos por barrancos que desmoronaram ou por toras de madeira que os atingiram enquanto estavam submersos.
Alta no preço do ouro
Outro fator que ajuda a explicar a “corrida” do ouro na invasão do rio Madeira é a alta no seu preço no mercado internacional. Afinal, entre abril de 2018 e novembro deste ano, o valor da onça-troy de ouro no mercado de commodities de Nova York aumentou 48%, saindo de US$ 1.205 para US$ 1.788.
Esse fator não é responsável pelo aumento no número de garimpeiros só no rio Madeira, mas em diversas outras regiões do país como na Terra Indígena Munduruku, no Pará, em regiões de Mato Grosso e no rio Japurá, no extremo oeste do Amazonas.
Queda na fiscalização na invasão do rio Madeira
Um terceiro fator responsável pelo aumento na quantidade de garimpeiros na região é a queda nos números da fiscalização ambiental em todo o país. O rio Madeira corta Rondônia e Amazonas. Por isso, é considerado um rio “federal”, o que significa que a fiscalização no seu curso é responsabilidade de órgãos nacionais como o Ibama, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Polícia Federal.
Isso aumenta a invasão no rio Madeira, uma vez que os garimpeiros entram por diversos acessos. Já que a fiscalização não é algo frequente e muito menos prioridade nessa região. As autoridades dizem que vão intensificar esse monitoramento, enquanto, isso, o ouro do Brasil está sendo retirado do seu local.