O dólar negociou em alta após mais um dia de tensões na política econômica brasileira, depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva intensificou suas críticas à autonomia do Banco Central, dizendo que os juros altos estavam enfraquecendo a economia e não conseguindo controlar a inflação.
Com isso, o dólar bateu a marca de R$5,20 pela primeira vez em duas semanas. Além disso, o Ibovespa fechou em queda de 0,82% nesta terça-feira (7), aos 107.829 pontos, na contramão do otimismo no mercado norte-americano.
Cotação do dólar
A cotação do dólar começou em baixa nesta terça-feira (7), caindo para R$ 5,13 por volta das 10h. No entanto, essa tendência se inverteu pela manhã, chegando a R$ 5,15 por volta das 15h, e voltando a subir no final das negociações. Com isso, o dólar está no maior nível desde 23 de janeiro, quando também fechou em R$ 5,20. Vale ressaltar que, apesar da alta de hoje, a moeda acumula queda de 1,52% em 2023.
De acordo com especialistas, o ataque ao BC lançado pelo presidente Lula, que mais uma vez criticou o nível dos juros e a gestão do presidente do BC, Roberto Campos Neto, impediu mais uma vez que o real seguisse a tendência de queda do dólar frente às moedas emergentes, como o peso mexicano, chileno e rand sul-africano, além de países exportadores de commodities.
Interferência preocupa mercado
O dólar vinha subindo desde que o Banco Central disse que manteria a taxa básica de juros inalterada até que as expectativas de inflação convergissem para a meta, mas ampliou a alta após o ataque de Lula. Com isso, os investidores prestaram mais atenção à política fiscal do atual presidente, temendo que Lula gaste o capital político na tentativa de tirar a autonomia do Banco Central.
Taxas de crescimento de preços estruturalmente mais altas, tendo em vista a inflação, levam à depreciação da moeda nacional em relação demais, o que pode ser visto atualmente, com o real tendo um desempenho inferior nos mercados emergentes.
Política econômica brasileira
O Banco Central iniciou um ciclo de aumento de juros há algum tempo. Desde 2021, o BC visa conter a inflação, impulsionado em grande parte por medidas de estímulo no auge da pandemia e pelo gasto público que estava em seu nível mais alto à época. No entanto, segundo o presidente do BC, Roberto Campos Neto, tentar mudar a independência do Banco Central seria contraproducente, pois aumentaria a incerteza política e, portanto, o risco, que por sua vez, aumentaria ainda mais a diferença do dólar para o real.