A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) recuou 0,8% em dezembro de 2021 na comparação com o mês anterior. O decréscimo é o segundo consecutivo e fez o indicador alcançar 74,4 pontos. Assim, o ICF continuou bem abaixo do nível de satisfação (100 pontos).
Apesar da queda mensal, o indicador registrou a maior pontuação desde maio de 2020 (81,7 pontos). Aliás, a última vez que o indicador superou os 100 pontos foi em abril de 2015 (102,9 pontos), indicando que o consumo dos brasileiros segue afetado nos últimos anos.
Com o acréscimo do resultado de dezembro, o ICF encerrou 2021 com uma retração de 9,9% em relação a 2020. Além disso, a média do indicador ficou em 71,6 pontos, menor nível da série histórica iniciada em 2010.
A propósito, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), responsável pelo levantamento, divulgou os dados nesta quarta-feira (5).
Segundo o o presidente da CNC, José Roberto Tadros, as famílias se mostraram mais atentas ao controle do consumo no ano passado. Seja pela inflação nas alturas, seja pelo crescimento dos juros no país, os brasileiros moderaram o consumo em 2021.
“O ano de 2020 apresentou grandes obstáculos para o consumo. Já 2021 foi marcado pela incerteza e consequências das medidas do ano anterior. Os consumidores enxergaram uma recuperação gradual e desaceleraram a cautela, mas ela permanece”, disse Tadros.
Famílias de renda mais baixa têm maior nível de insatisfação
De acordo com a CNC, o nível de insatisfação das famílias com renda abaixo de dez salários mínimos ficou em 68,4 pontos, tombo de 11,2%. Já as famílias com renda superior a dez salários mínimos tiveram um nível de insatisfação de 86,9 pontos, queda bem menos intensa, de 5,0%.
“A inflação é um dos fatores que dificultam a recuperação econômica, pois reduz o poder de compra. Além de levar a um aumento dos juros, o que encarece o crédito, que é um artifício utilizado pelos consumidores para aumentar renda e manter o padrão de consumo”, disse a economista da CNC responsável pela pesquisa, Catarina Carneiro da Silva.
Por fim, a CNC também revelou que o componente Perspectiva de Consumo atingiu 69,9 pontos no ano, menor patamar desde 2016. Aliás, 53,5% das famílias acreditam que haverá redução do consumo em 2022, na comparação com o ano anterior.
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