Para ministros de tribunais superiores, o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), estaria fazendo uma série de movimentos com o objetivo de “forçar” a Justiça Eleitoral a cassar o registro de sua candidatura à reeleição. Isso, há pouco menos de 80 dias das eleições.
O último ato polêmico de Bolsonaro aconteceu na segunda-feira (18), quando o chefe do Executivo, em um encontro com diplomatas estrangeiros, voltou a colocar em dúvida a segurança das urnas eletrônicas e do processo eleitoral como um todo.
Na ocasião, Bolsonaro chegou a dizer que ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estariam impedindo a adoção de medidas que visam a transparência das eleições. O objetivo, segundo presidente, seria proporcionar a volta da esquerda ao poder.
Em entrevista ao canal “CNN Brasil” nesta quarta-feira (20), ministros disseram que Bolsonaro está apostando na tese de que o TSE pode tirá-lo da disputa para que ele consiga se vitimizar e reforçar o discurso de que eleição não pode ser realizada.
Todavia, essas fontes afirmaram que a gestão de Alexandre de Moraes, que assume a presidente do TSE em agosto, irá estancar os movimentos de Bolsonaro. Isso acontece porque a avaliação dos ministros é que, mesmo com os embates com o presidente e seus aliados, a desenvoltura política de Alexandre de Moraes será suficiente para acalmar os ânimos.
Hoje, a atuação de Alexandre de Moraes nos bastidores tem os militares como foco, pois a atuação deles é tida como crucial na tentativa de cessar os ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral. Nesse sentido, há a impressão de que o futuro presidente pode fazer um gesto às Forças Armadas, acatando algumas das sugestões que foram enviadas ao tribunal.
De acordo com a “CNN Brasil”, a avaliação de que Alexandre de Moraes possa conseguir garantir a realização de forma pacífica é compartilhada até mesmo por aliados de Bolsonaro, que viram no evento realizado na segunda-feira um erro cometido pelo chefe do Executivo.
Segundo um dos auxiliares do presidente, o correto teria sido ele usar o evento para reforçar a defesa da democracia, apresentando propostas que podem aperfeiçoar o sistema eleitoral. No entanto, o chefe do Executivo acabou desferindo mais ataques ao TSE.
Hoje, a cúpula que cuida da campanha do presidente acredita que o melhor caminho para Bolsonaro é olhar para o eleitor que ainda não está garantido, tirando de foco os eleitores que são aliados do chefe do Executivo em qualquer circunstância. Nesse sentido, o conselho é que Bolsonaro se dedique, nos próximos dias, a temas como, por exemplo, a economia do país.
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