A Polícia Federal (PF) transferiu um inquérito que tem entre os alvos, o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles do Distrito Federal para a superintendência do Pará, publicou nesta quinta-feira (11) o jornal “Folha de S.Paulo”. As investigações, que agora saim das mãos do delegado Franco Perazzoni, que conduziu as apurações desde o início, apuram crimes como exportação ilegal de madeira e uso de documentos falsos.
Em nota, a corporação relatou que a troca aconteceu por razões de competência, que mudaram ao longo do processo Assim como relatou o Brasil123, a operação Akuanduba foi deflagrada pela PF do Distrito Federal em maio deste ano, sempre sob orientação do delegado Franco Perazzoni.
À época da ação, foi necessário a autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), visto que, na ocasião, Ricardo Salles ainda era ministro e tinha foro privilegiado. Todavia, dois meses depois, o ex-ministro perdeu o foro, pois foi exonerado do cargo pelo presidente Jair Bolsonaro (Sem partido).
Por conta disso, Alexandre de Moraes, ministro do STF e relator do inquérito que trata da operação Akuanduba, determinou que as investigações deveriam passar à supervisão da Justiça Federal do Pará. Todavia, segundo a “Folha”, mesmo com a mudança, a investigação continuou nas mãos de Franco Perazzoni.
Essa continuidade foi defendida pelo próprio superintendente da PF no Pará, Wellington Santiago, que acabou mudando de ideia no mês passado e enviou um novo documento à PF do Distrito Federal afirmando que a corporação paraense estava apta a seguir com a investigação.
De acordo com as informações, essa mudança de ideia aconteceu no mesmo tempo em que Wellington Santiago recebeu e aceitou o convite de fazer parte da PF na Colômbia. Em nota, a corporação confirmou que ele deve sair em breve para a missão internacional no país vizinho.
Com isso, quem deve, de fato ficar com as investigações será o se sucessor, o delegado Fábio Andrade, do Rio de Janeiro. Toda essa reviravolta, não agradou a PF do Distrito Federal. “Não basta dizer que a PF do Pará ‘está apta’, porque neste diapasão, a PF do DF também está apta em continuar conduzindo a investigação”, afirmou a PF do DF.
Nesse sentido, de acordo com a “Folha”, a PF do Distrito Federal recebeu com estranheza o pedido. “Nossa interpretação do despacho, levando em conta o princípio de que a Polícia Federal é uma Polícia Nacional e que seus recursos humanos e materiais são iguais em todo território nacional, trazendo com isso a certeza de que a investigação sob análise não sofrerá prejuízo, é que a PF do Pará está ‘avocando’ a investigação, deixando claras as justificativas para isso”, finalizou a corporação.
A operação da PF
Em maio deste ano, Ricardo Salles, o presidente afastado do Ibama, Eduardo Bim, e outros nove ocupantes de cargos de confiança no Ibama, e também do Ministério do Meio Ambiente, foram alvos da ação, depois de uma autorização do ministro do STF Alexandre de Moraes.
Hoje, o grupo é investigado por vários delitos como crimes contra a administração pública, corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e, especialmente, facilitação ao contrabando. Segundo a apuração, o esquema seria operado por esses funcionários públicos e empresários do ramo madeireiro.
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