O Banco Central (BC) admitiu oficialmente nesta quinta-feira (30) que a inflação no país vai estourar a meta em 2022. A saber, a informação está presente no relatório de inflação do segundo trimestre do BC.
Com a admissão oficial da entidade financeira, vale destacar que a inflação vai estourar a meta pelo segundo ano consecutivo no país. Em resumo, a probabilidade de a taxa inflacionária superar o teto da meta neste ano subiu de 88%, em março, para 100% em junho.
Em 2022, o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu a meta da inflação em 3,5%, mas ela pode oscilar entre 2,0% e 5,0%. Isso acontece porque o CMN também define um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa. Assim, taxas que oscilem nesse intervalo indicam que a inflação foi formalmente cumprida. Contudo, o BC estima que a inflação fique em 8,8% em 2022.
O BC ainda divulgou projeções para 2023. Nesse caso, o CMN fixou a meta da inflação em 3,25%. No entanto, a taxa será formalmente cumprida se ficar entre 1,75% e 4,75%. Seja como for, o BC elevou a probabilidade de a inflação estoura a meta, de 12% para 29%.
Atualmente, a projeção do BC indica que a taxa inflacionária ficará em 4,0% em 2023, ainda dentro do intervalo definido pelo CMN. Inclusive, o BC vem focando no cumprimento da meta do próximo ano. A saber, as decisões sobre taxa de juros demoram de seis a 18 meses para impactar a economia. Isso quer dizer que as decisões tomadas agora irão influenciar o cenário em 2023.
BC já elevou 11 vezes a taxa de juro da economia
Em 2021, o CMN definiu a meta da inflação em 3,75%, com a taxa podendo variar entre 2,25% e 5,25%. Entretanto, a taxa anual do Brasil chegou a 10,06%, maior patamar desde 2015.
Como a inflação se mostrou elevada em boa parte do ano passado, o BC começou a elevar as taxa básica de juro da economia, a Selic, em março. De lá pra cá, a entidade financeira elevou a taxa 11 vezes consecutivas. Dessa forma, a Selic passou de 2,00% ao ano em março de 2021 para 13,25% ao ano em junho deste ano.
Em suma, a Selic é o principal instrumento do BC para conter a alta dos preços de bens e serviços, a temida inflação. Quanto mais alta ela estiver, mais altos ficarão os juros no país. Assim, o crédito fica mais caro, reduzindo o poder de compra do consumidor e desaquecendo a economia. E isso diminui a demanda, enfraquece os preços e, consequentemente, a inflação.
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