Um acordo firmado entre o governo da Argentina e empresários locais resultou no congelamento dos preços dos produtos durante 90 dias. Ao todo, são mais de mil produtos essenciais que integram a cesta básica familiar com o propósito de tentar conter a inflação.
A inflação da Argentina é uma das mais altas de todo o mundo, e já atingiu o acumulado de 37% somente em 2021. De acordo com o secretário de Comércio Interior, Roberto Feletti, os 1.247 produtos com preços congelados se tornaram uma espécie de âncora para a inflação.
Os itens cujos preços foram congelados se tratam de itens de limpeza e alimentação, que devem recuar do dia 1º de outubro até o dia 7 de janeiro. Faletti ressaltou que a atitude é essencial nesse momento para assegurar e fomentar o consumo no último trimestre do ano.
Nesta quinta-feira, 14, o Instituto Nacional de Estatísticas divulgou o índice de inflação referente ao mês de setembro, que foi de 3,5%, elevando a taxa interanual para 52,5%. A alta da inflação em dois dígitos é um problema que assola a Argentina há décadas.
Por isso, o acordo que congela os preços dos produtos é tão importante, tendo em vista que é capaz de reforçar o programa Preços Cuidados, lançado no ano de 2014. A iniciativa tem o propósito de determinar valores de referência correspondentes a 500 produtos da cesta básica como um instrumento de combate à inflação.
O acordo que congela os preços dos produtos foi aprovado em meio aos protestos feitos por organizações sociais que exigem a assistência e subsídios alimentares em virtude da crise econômica, mantendo 40% da população argentina na situação de pobreza.
Há algumas semanas o Governo da Argentina decidiu aumentar em 16% o salário mínimo para 33 mil pesos mensais, o equivalente a US$ 317. A quantia é menos da metade do valor da cesta básica consumida por uma típica família argentina. Também foi anunciado o pagamento de um benefício voltado a dois milhões de assalariados a partir deste mês de outubro, desde que estejam devidamente registrados.
Segundo o Ministério do Comércio Interno, as reuniões para firmar o acordo tiveram o objetivo de dar início a um canal de comunicação junto ao setor privado, e assim, tentar explicar as diretrizes para a equipe da Secretaria de Comércio Interior que irá trabalhar na gestão de Feletti.
As investidas pretendem fixar um cenário o mais previsível possível até o final deste ano. Esta foi a maneira encontrada para estimular o mercado interno e preservar os salários dos argentinos perante as eleições e feriados de Natal e Ano Novo.
A gestão de Alberto Fernández perdeu as eleições primárias em setembro, motivo pelo qual tenta atrair apoiadores antes do pleito eleitoral marcado para o dia 14 de novembro junto a uma série de medidas que visam amenizar o bolso.