O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), divulgou, nesta última segunda-feira (21), os dados da inflação brasileira para o mês de outubro. Segundo o relatório, as famílias de alta renda, aquelas que ganham acima de R$17.260,14, foram as que mais sentiram o efeito da inflação.
Isso se deve pelo fato de as passagens aéreas e os planos de saúde terem ficado mais caros neste período. A variação dos preços para a população de alta renda ficou em 1,14%, enquanto a inflação geral da economia atingiu o valor de 0,59%. Já para as famílias de renda muito baixa, a inflação ficou em 0,51%.
Nesse sentido, no acumulado do ano, as altas da inflação variaram entre 4,43% (população de renda média-baixa) e 5,99% (população de renda alta). Já no acumulado de 12 meses, a classe média-baixa apresentou a menor taxa de inflação (6,17%), enquanto a população com a renda mais alta apresentou a maior taxa (7,95%).
Aumento dos alimentos atingem com mais força a classe mais baixa
Como foi dito anteriormente, o reajuste no grupo de transportes pressionou a inflação, principalmente para aqueles que se encontram entre a população de alta renda. De acordo com os dados publicados pelo IPEA, as passagens aéreas sofreram um aumento de 23,4%, afetando o grupo “transportes” do cálculo da inflação. O aumento anulou a queda de preços da gasolina (-1,6%) e do transporte por aplicativo (-3,1%).
Por outro lado, para a população de classe mais baixa, o grupo de “alimentos e bebidas”, bem como o de “saúde e cuidados especiais” continuam a afetar fortemente a população de renda mais baixa. Embora alguns grupos de alimentos tenham sofrido redução, como leite e derivados (-2,4%), óleos e gorduras (-1,8%) e cereais (-0,79%), outros sofreram alta.
Sendo assim, o aumento dos tubérculos (14,3%), frutas (3,6%), farináceos (1,3%), panificados (1,0%) e das aves e ovo (0,97%) afetaram negativamente o bolso da população com menor poder de compra, acelerando a inflação em outubro. Já no grupo de “saúde e cuidados pessoais”, artigos de higiene puxaram também a inflação (2,3%), assim como o plano de saúde (1,4%).
Inflação afetou o preço do churrasco em mais de 50% desde a última copa
Um levantamento feito pelo economista Fernando Agra, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) apontou que os alimentos comumente utilizados pelos brasileiros para fazer churrasco subiram 53,7% desde a última Copa do Mundo, em 2018. O economista utilizou o Índice de Preços do Consumidor Amplo (IPCA), índice oficial de inflação do país.
Foram analisados 19 produtos, todos atingindo aumentos na casa de dois dígitos desde junho de 2018. Segue, abaixo, alguns itens considerados na pesquisa feita pelo economista Fernando Agra:
- Frango: 104,86%
- Contrafilé: 80,77%
- Alcatra: 69,16%
- Arroz: 64,38%
- Alho: 63,27%
- Carne de porco: 56,89%
- Maionese: 54,20%
- Pimentão: 118,32%
De acordo com o economista, a inflação foi motivada por “uma redução da oferta interna nos últimos anos e um aumento nas exportações, que foi estimulado pelo crescimento da economia internacional, como também do aumento da taxa de câmbio, isso estimula o produtor a enviar para fora, então, menos produto aqui dentro”.