Na última terça-feira (11), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados oficiais da inflação medida pelo índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA). Para o mês de março, o IPCA teve alto de 0,71%, perdendo força se comparado com a alta de 0,84% no índice medida no mês de fevereiro.
Segundo os dados do próprio IBGE, a inflação no mês de março foi impulsionada principalmente pela gasolina, que teve alta de 8,33% no período. Com a reoneração dos impostos federais ocorrida no último mês, a gasolina ficou mais cara, ainda que a Petrobras tenha anunciado redução no preço no mesmo mês, pareando o preço nacional com o mercado internacional.
No geral, o grupo de transportes foi o destaque do IPCA, com alta de 2,11%. Além da forte alta da gasolina, que aumentou em até R$0,68 no valor cobrado pelo litro do combustível, o preço do etanol também apresentou variação, atingindo alta de 3,2%. Por outro lado, o Gás Natural Veicular e o óleo diesel apresentaram queda de -2,61% e -3,71% na inflação medida pelo IPCA em março.
Por fim, no grupo de transportes, passagens aéreas apresentaram nova queda, de -5,32 em março. Reajustes em tarifas de táxi em Belo Horizonte, em ônibus intermunicipal na região metropolitana do Rio de Janeiro, bem como ônibus municipais, também afetaram a variação positiva do grupo.
Chance de inflação estourar a meta é de 83%
Segundo relatório do Banco Central, as projeções da inflação deste ano é fechar o ano com alta de 5,8%. Segundo a instituição, a probabilidade do IPCA furar o teto da meta estipulada pelo governo é de 83%. Com isso, caso a expectativa seja de fato cumprida, será o terceiro ano consecutivo que o IPCA vai estourar a meta pré-estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional).
Nesse sentido, a meta do CMN tem margem de tolerância de 1,5 ponto, ou seja, o centro da meta é de 3,25%, podendo variar entre 1,75% e 4,75%. “As projeções de inflação aumentaram para todo o horizonte considerado a partir do terceiro trimestre de 2023”, disse o Banco Central em relatório, apontando as possibilidades de mudança das bandeiras tarifárias da energia elétrica.
“A inflação acumulada em quatro trimestres apresentaram oscilação ao longo de 2023 em função da presença ou não, no período considerado, dos efeitos da desoneração de combustíveis, concentrados no terceiro trimestre de 2022, e da reoneração de gasolina e etanol, parcela ocorrida no primeiro trimestre de 2023 e parcela a ser efetivada no terceiro trimestre de 2023”, destacou o relatório do Banco Central.
Devido às perspectivas ruins em torno da inflação, o Banco Central mantém a taxa básica de juros, Selic, no maior patamar dos últimos seis anos (13,75%). Inclusive, na ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) não descarta novas altas para tentar conter a alta da inflação. “O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”, disse o documento publicado pelo Comitê de Política Monetária. A alta taxa de juros tem sido alvo de críticas da equipe econômica do governo federal.