Mais de dois anos de pandemia se passaram e o brasileiro segue percebendo uma inflação muito mais alta do que a divulgada pelo IBGE. Ao analisarmos o preço da cesta básica, é possível perceber um aumento de quase 50% em relação há 2 anos atrás. Nesse sentido, se avaliarmos para além dos alimentos, itens como carros e outros bens de consumo também tiveram forte valorização no período.
Um carro usado pode ter sido um bom investimento
Seria cômico se não fosse trágico, contudo é verdade, um carro usado, por exemplo, o Fiat Marea Turbo teve uma valorização de 18% no ano passado em média, muito superior a maioria dos investimentos tradicionais. Com isso, o Marea Turbo se tornou um dos muitos itens de bens de consumo a sofrerem forte valorização. Dessa forma não há dúvidas, o brasileiro está mais pobre, a renda das famílias está menor.
Além disso, o salário mínimo não teve reajuste que viesse a acompanhar esses aumentos de preços. Ainda assim, mesmo que o salário acompanhasse a inflação divulgada, não seria o suficiente para de fato repor o poder de compra do assalariado. Não bastasse esse desajuste, a renda média no país caiu em torno de 4,2% desde março de 2020. Com isso, o provável resultado é de que em média o país permaneça mais pobre durante os próximos anos.
Preços continuam subindo e a renda do brasileiro continua caindo
O IPCA é o índice oficial de inflação medido pelo IBGE, contudo os preços de muitos bens e serviços estão subindo mais do que a renda, se trouxermos o acumulado desde março de 2020, o IPCA trouxe um resultado ajustado de 18,2% segundo o IBGE, enquanto o salário mínimo subiu 16% no período e a cesta básica em São Paulo, 46,8%.
Esses dados mostram grande discrepância entre o ajuste da renda e o resultado da inflação. Nesse sentido, o brasileiro mais pobre sofre mais. Podemos concluir isso ao percebemos que os itens que mais estão subindo, são exatamente os itens mais essenciais, como alimentos, gasolina, gás de cozinha e energia.
Como reduzir o impacto na perda de poder de compra do brasileiro
Uma possível solução para conter o possível empobrecimento do brasileiro diante da elevada inflação que o país enfrenta, seria aumentar a renda da população. Contudo, o alto desemprego aliada a baixa expectativa de crescimento econômico com as elevadas taxas de juros, desestimulam o investimento e fazem com que as famílias não consigam recuperar o seu poder aquisitivo, se quer conseguem acompanhar a inflação divulgada.
Segundo Fausto Augusto, diretor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos ): “Os trabalhadores formais estão com dificuldades para repor as perdas salariais, com a crise econômica e o endurecimento das negociações desde a reforma trabalhista de 2017, que desvalorizou a negociação coletiva e enfraqueceu o movimento sindical”.