A inflação da indústria brasileira teve queda recorde em agosto. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Preços ao Produtor (IPP) despencou 3,11% em relação a julho. E isso aconteceu, principalmente, devido à queda do setor de refino de petróleo e biocombustíveis.
Em síntese, o setor teve a segunda maior variação do mês, de -6,99%. Contudo, exerceu o maior impacto no IPP, de 0,95 ponto percentual (p.p.). Isso mostra que o setor respondeu por quase um terço da queda da inflação da indústria brasileira em agosto.
“O acumulado do ano do refino até agosto foi de 26,49%; analisando-se os últimos 12 meses, a alta é de 45,98%. São as maiores variações nesses indicadores. Agora em agosto, houve uma queda (a primeira observada em 2022) de -6,99%, numa inversão do que vinha ocorrendo”, explicou o gerente do IPP, Alexandre Brandão.
Além disso, outras atividades também ajudaram a derrubar a taxa nacional, com destaque para alimentos (-0,88 p.p.), indústrias extrativas (-0,75 p.p.) e metalurgia (-0,25 p.p.). A saber, esta quatro atividades responderam por 2,93 p.p. da queda de 3,11%.
Em resumo, o IPP analisa o progresso dos preços dos produtos na “porta da fábrica”, sem impostos e frete, medindo a evolução de 24 atividades das indústrias extrativas e de transformação. Com o acréscimo do resultado de agosto, a inflação da indústria chegou a 7,91% no acumulado do ano e a 12,16% em 12 meses.
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Queda do IPP foi recorde da série histórica
Segundo o IBGE, o forte recuo registrado em agosto foi o mais intenso desde o início da série histórica, em 2014. Aliás, a queda foi tão firme que superou em quase duas vezes o antigo recorde.
“O menor resultado antes dos -3,11% de agosto havia sido em novembro de 2018 (-1,62%). Nos últimos 37 meses, período que engloba o da pandemia, só houve dois resultados negativos: o atual e o de dezembro de 2021, -0,08%”, destacou Brandão.
“O que em grande parte explica a redução, por um lado, é a apreciação real frente ao dólar em agosto, que impacta negativamente tanto os preços das importações quanto os das exportações”, acrescentou.
Contudo, esse não foi o único fator que derrubou a inflação da indústria em agosto. O gerente do IPP explicou que a redução dos preços do óleo bruto de petróleo e do minério de ferro possuem um efeito em cascata em boa parte da indústria.
“A queda do óleo bruto de petróleo terá efeito direto no refino e em outros produtos químicos; além dos efeitos indiretos em outras cadeias com a queda nos preços dos combustíveis”, disse Brandão.
“Já o minério de ferro, quando os preços caem, afeta os setores de metalurgia, particularmente siderurgia, que, por sua vez, alcançará setores como os de produção de veículos e eletrodomésticos”, finalizou.
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