O setor industrial do país respirou um pouco mais aliviado em fevereiro. Isso porque a inflação da indústria brasileira desacelerou no mês passado, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E isso aconteceu, principalmente, devido à desvalorização do dólar em relação ao real.
De acordo com o IBGE, o Índice de Preços ao Produtor (IPP), que mede a inflação na indústria brasileira, variou 0,56% em fevereiro, contra 1,20% em janeiro. Embora tenha desacelerado, o valor acumulado nos últimos 12 meses encerrados em fevereiro continua bastante expressivo (20,05%).
Em suma, o IPP analisa o progresso dos preços dos produtos na “porta da fábrica”, sem impostos e frete, medindo a evolução de 24 atividades das indústrias extrativas e de transformação.
Dólar mais fraco reduz inflação do setor industrial
Segundo o analista da pesquisa, Murilo Lemos Alvim, a queda em fevereiro não chega a indicar uma tendência de retração dos preços industriais. Na verdade, a inflação em fevereiro caiu na comparação com janeiro, mas superou a variação de dezembro do ano passado. E o recuo aconteceu graças ao enfraquecimento do dólar.
“O resultado de fevereiro tem ligação com a variação cambial, pois o mês registrou a maior queda do dólar em 20 meses. A moeda norte-americana caiu cerca de 6%. Essa depreciação do dólar pode ser observada tanto no acumulado do ano (mais de 8%) quanto no acumulado em 12 meses (mais de 4%)”, disse Alvim.
“Se pegarmos as quatro atividades que se destacaram com as maiores variações, três tiveram queda de preços. São as atividades que têm impacto direto do dólar: fumo, madeira e metalurgia. Há diversos produtos exportáveis e isso se reflete no preço que será recebido pelo produtor em real; se o dólar cai ele vai receber menos”, acrescentou o pesquisador.
“Há ainda vários setores que dependem de insumos importados. Com o dólar mais baixo, o preço desses insumos ficará mais baixo”, explicou Alvim.
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