Nesta semana, a Neogrid divulgou alguns dados sobre a inflação no Brasil. O estudo Neogrid Insights: Panorama de Bens de Consumo, apontou que os brasileiros gastaram mais com alimentos nos supermercados e também nos chamados “atacarejos”, contudo, devido à redução do poder de compra, os brasileiros compraram os produtos em menor quantidade.
De acordo com os dados divulgados pelo Panorama do Consumidor, o valor médio gasto nos supermercados no terceiro trimestre de 2022 aumentou em 7,9% na comparação com os primeiros três meses deste ano. A média gasta foi de R$89,78, o que representa a maior cesta de compras desde o início do ano. Por outro lado, embora tenha gastado mais, o consumidor levou 3% de itens a menos
A alta apresentada no terceiro trimestre foi puxada, principalmente, devido às proteínas, o que motivou os brasileiros a substituírem alguns alimentos e marcas. Esse comportamento também foi visto no segundo semestre deste ano, onde brasileiros passaram a trocar a carne bovina por outros alimentos, como ovos, linguiça, frango e carne suína.
Praticamente todos os alimentos tiveram alta no terceiro trimestre
Neste terceiro trimestre, praticamente todos os grupos de alimentos tiveram alta, principalmente carnes e aves. O relatório da Neogrid apontou que o grupo de carnes e aves apresentou alta em todos os indicadores de análise: tíquete médio, incidência no carrinho e a média de itens comprados. Este grupo teve aumento de 12,5% na média de gastos. Apenas as categorias de bebidas não alcoólicas, peixes e frutos-do-mar não apresentaram aumento.
Embora, nos últimos meses, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor tenha apresentado deflação nos últimos três meses, o brasileiro ainda sente o impacto da inflação acumulada no preço dos alimentos. Por exemplo, ao comprar com o terceiro trimestre de 2021, o leite longa vida apresenta alta de 55%, enquanto as frutas apresentam 44,3% de alta e a linguiça, 39,1%.
Cesta básica tem alta acima da inflação
Após dois meses em queda, o índice de inflação para a cesta básica também voltou a subir. Os dados são de um estudo de professores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Segundo o estudo, o indicador teve aumento de 0,27% em outubro após dois meses de queda de 1,88% em agosto e 3,47% em setembro.
Nesse sentido, no acumulado de 12 meses, a cesta básica ainda apresenta inflação na casa dos dois dígitos, apresentando alta de 16,17% até outubro. O valor acumulado diminuiu em relação a setembro devido à deflação apresentada tanto no mês citado quanto em agosto.
Como efeito de comparação, a inflação da cesta básica aponta uma alta bem maior que o indicador oficial da inflação no Brasil, o IPCA. Nos últimos 12 meses, o IPCA subiu 6,47% até outubro, segundo dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso significa que a cesta básica subiu quase 3 vezes mais que o indicador da inflação.
Segundo o economista Jackson Bittencourt, coordenador do curso de ciências econômicas da PUC-PR, a alta mensal foi liderada pela batata inglesa (23,36%) e do tomate (17,65%). “Batata e tomate foram os dois grandes vilões de outubro, subiram de maneira expressiva e jogaram novamente a inflação para cima”, disse o economista.